Intervindo no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, França, num debate sobre o Conselho Europeu de quinta-feira e o combate à pandemia da covid-19, Ursula von der Leyen começou por afirmar que encara a presente situação com sentimentos mistos, “de preocupação e confiança”.
“Como muitos de vocês, estou triste por passarmos mais um Natal ensombrado pela pandemia e uma nova variante no horizonte. Mas, por outro lado, sinto confiança, pois temos a força e os meios para superar a pandemia”, declarou no hemiciclo.
Apontando que “os casos de infeções aumentaram exponencialmente na Europa” e que alguns Estados-membros registam atualmente as mais altas taxas de contágio alguma vez registadas, a presidente do executivo comunitário disse ser importante “ter noção de que este grande aumento nas infeções se deve quase exclusivamente à variante Delta”, mas que agora o desafio é "duplo".
“Mas agora vemos uma nova variante no horizonte, a Ómicron, que aparentemente é ainda mais transmissível. Parece duplicar a cada dois ou três dias. Os cientistas dizem-nos que em meados de janeiro devemos esperar que a Ómicron seja a nova variante dominante na Europa. Mas trabalhámos muito e a Europa está numa melhor posição agora para combater o vírus”, declarou.
A presidente da Comissão enfatizou que, graças a um trabalho árduo, a UE dispõe de “suficientes doses de vacinas para vacinar cada cidadão e cidadã europeia”, tendo sido administradas já mais de mil milhões de doses, com 66,6% da população europeia, o equivalente a cerca de 300 milhões de pessoas, já com a “vacinação completa”, tendo 62 milhões recebido a dose de reforço.
“Com base nos dados preliminares que temos sobre a Ómicron, a ciência diz-nos que a dose tripla [de vacinação] é a melhor proteção contra a nova variante. Claro que ainda há muito para saber sobre a Ómicron, mas já foi criada uma rede de laboratórios e de especialistas que nos permite ir acompanhando, dia após dia, os novos dados disponíveis” sobre esta estirpe, disse.
Para ilustrar a melhor capacidade atual da UE para enfrentar a pandemia, Von der Leyen indicou ainda que a Europa atualmente é capaz de “produzir 300 milhões de doses de vacinas mensalmente”, dispondo de “cadeias de fornecimento fiáveis e contratos seguros” com as farmacêuticas, que permitem também “aceder rapidamente a vacinas adaptadas [a novas variantes], se necessário”.
Já no plano global, e ainda que lembrando que a Europa é quem mais partilha vacinas a nível mundial, a presidente da Comissão reconheceu a necessidade de um esforço conjunto para reduzir as desigualdades em termos de taxa de vacinação, sobretudo para colmatar a muito reduzida taxa de vacinação no continente africano, que ronda apenas os 7%.
“Estamos a trabalhar arduamente num pacote para África, também com vista à cimeira UE-UA, prevista para a próxima primavera. Queremos não só disponibilizar mais vacinas, mas trabalhar para melhorar as infraestruturas e a formação médica” no continente africano, disse.
Tal como tem sucedido há quase dois anos, desde que a covid-19 atingiu a Europa no primeiro trimestre de 2020, a resposta da UE à pandemia volta a ser um dos assuntos dominantes da cimeira de chefes de Estado e de Governo dos 27 que se celebra na quinta-feira em Bruxelas, numa altura em que muitos Estados-membros voltaram a impor restrições para conter a propagação do vírus e que a nova variante Ómicron já foi detetada em vários países europeus, incluindo Portugal.
Na terça-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para a propagação muito rápida, a um ritmo sem precedentes, da variante Ómicron do coronavírus que causa a covid-19.
A covid-19 provocou pelo menos 5.311.914 mortes em todo o mundo, entre mais de 269 milhões de infeções, segundo o mais recente balanço da agência noticiosa AFP.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 18.687 pessoas e foram contabilizados 1.200.193 casos de infeção, de acordo com dados atualizados da Direção-Geral da Saúde.
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