As declarações de Cristas foram feitas depois de o jornal Sol ter noticiado hoje que o Governo liderado por António Costa vai pagar 36.750 euros a um grupo de 50 cidadãos, que participa num estudo na Universidade de Aveiro e depois vai fazer perguntas ao executivo.
A iniciativa ocorre no âmbito do Conselho de Ministros extraordinário que se realiza este domingo para assinalar os dois anos do Governo.
"Eu diria que se o Governo tivesse um pingo de vergonha, amanhã [domingo], com certeza que não faria a sessão que está a pensar fazer com recurso às ditas pessoas contratadas", disse Assunção Cristas aos jornalistas, à margem da conferência "25 de Novembro - Passado, Presente e Futuro", uma iniciativa organizada pelo CDS-PP/Amadora.
"Nós recordamo-nos bem de um outro primeiro-ministro, também do Partido Socialista, que contratou crianças como figurantes para uma sessão pública. Sabemos agora que amanhã aparentemente também terão sido contratadas pessoas, de resto como apareceram nos cartazes na campanha de 2015 e que nada tinham a ver com a realidade", afirmou Cristas.
A líder do CDS-PP acusou o Governo de ao longo destes dois anos, ter "demonstrado que é um Governo mais preocupado com a imagem, mais preocupado com a propaganda, com aquilo que consegue fazer passar e não com a substância das coisas".
"Em vários assuntos, desde a questão dos fogos à questão da 'legionella', à questão dos roubos em Tancos ou até agora a esta trapalhada relacionada com o Infarmed, o que vemos é um Governo muito pouco capaz de tratar com seriedade os problemas, um Governo muito leviano que trata com ligeireza os assuntos e que está mais preocupado com a imagem, com as pessoas que contrata para fazer as perguntas que são mais convenientes", criticou.
Questionada sobre se este caso de alegada contratação de pessoas para uma sessão pública afeta a legitimidade do Governo, Cristas disse que o CDS-PP entendeu que o Governo perdeu a capacidade para governar "quando não soube reagir decentemente" nesta "primavera e outubro dramáticos", numa alusão aos incêndios deste ano, que causaram pelo menos 115 mortos, e por isso apresentou uma moção de censura.
"Nos casos mais dramáticos que vivemos no país, percebemos que o Governo não estava lá", afirmou.
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