As principais companhias aéreas dos Estados Unidos, incluindo Delta, United e American Airlines, suspenderam os voos no início da manhã devido a "problemas de comunicação", informou a Administração Federal de Aviação (FAA).
Problemas similares afetaram os aeroportos de Berlim, na Alemanha, Amesterdão-Schiphol, nos Países Baixos, Hong Kong, assim como todos os aeroportos em Espanha, anunciaram os administradores dos terminais aeroportuários destes países.
Os aeroportos espanhóis são geridos pela Aena, o maior gestor aeroportuário mundial, responsável, direta ou indiretamente, por perto de 80 infraestruturas em vários países (46 em Espanha, 32 na América e uma no Reino Unido).
A empresa, detida em 51% pelo Estado espanhol, disse em comunicados divulgados nas redes sociais que "está já a recuperar alguns dos seus sistemas" e que, em Espanha, "todos os aeroportos estão operativos, mas alguns processos estão a desenvolver-se com lentidão" e a gerar atrasos.
Segundo a Aena, a falha informática afeta, sobretudo, o 'check in' (o registo) de passageiros e bagagens, assim como os pontos de informação nos aeroportos, e os processos estão a ser feitos manualmente.
Imagens dos aeroportos de Madrid ou Barcelona, os maiores de Espanha, divulgadas pelas televisões, mostram filas de passageiros nos acessos aos balcões de 'check in'.
As companhias aéreas estão a apelar aos passageiros que têm voos hoje para irem para os aeroportos com mais antecedência do que o habitual, atendendo à lentidão nos processos e por se prever um dia com muito movimento, por coincidir com a véspera do fim de semana e com férias de verão.
A perturbação nos aeroportos é o maior impacto que está a ter em Espanha a falha na Microsoft, mas outras empresas como a companhia aérea Vueling, bancos como o BBVA ou a Unicaja, os Correios ou a operadora de telecomunicações Movistar comunicaram também estar a ter problemas em alguns sistemas e serviços.
Na Suíça, o aeroporto de Zurique, o maior do país, também suspendeu os voos até nova ordem.
A situação na Índia obrigou à adoção de medidas improvisadas, como passes de embarque desenhados à mão e horários escritos num quadro branco.
Na Alemanha, o aeroporto de Berlim-Brandeburgo (BER) cancelou todas as operações ao início da manhã. Um porta-voz do aeroporto confirmou que todas as partidas e aterragens tiveram de ser canceladas até às dez horas locais (9:00 em Lisboa). "A única informação de que dispomos neste momento é de temos uma falha técnica", apontou.
De acordo com o portal de informação local RBB, terá havido uma falha no servidor e vários sistemas de emergência terão sido acionados. O jornal Tagesspiegel avançou que o sistema informático da torre de controlo do aeroporto terá sido afetado.
Em Hamburgo, e segundo o jornal Welt, as chegadas e partidas de quatro companhias aéreas foram interrompidas, a Eurowings, a Ryanair, a Vueling e a Turkish Airlines. Inicialmente, as companhias aéreas emitiam os bilhetes manualmente.
O jornal Bild acrescenta que as perturbações nos sistemas informáticos a nível internacional também estão a causar problemas no aeroporto de Nuremberga. Por agora não se registaram atrasos graves, mas é previsível que os horários sejam alterados durante todo o dia.
Os aeroportos de Pequim, contudo, não foram afetados, segundo a imprensa estatal chinesa.
Além de companhias aéreas e dos aeroportos, o apagão cibernético também afetou hospitais nos Países Baixos, a Bolsa de Valores de Londres e o sistema ferroviário britânico.
A programação do canal britânico Sky News foi interrompida. "Não estamos no ar, mas estamos a tentar", escreveu a apresentadora desportiva Jacquie Beltrao. Na Austrália, o canal nacional ABC anunciou que os seus sistemas foram afetados por uma falha "grave".
Os problemas afetaram também sistemas de bilhética no Reino Unido, obrigando clubes de futebol como os ingleses do Manchester United e os escoceses do Hibernian a adiar a venda de ingressos para os seus jogos amigáveis.
Grandes filas foram observadas no aeroporto de Sydney. "Os voos estão a chegar e a partir neste momento, mas é possível que tenhamos alguns atrasos durante a tarde", disse um porta-voz do sistema aeroportuário. Numa das maiores redes de supermercados do país, os terminais de venda automática exibiam mensagens de erro.
Companhias aéreas como Air France, KLM (Países Baixos) e Ryanair (Irlanda) sofreram problemas nas suas redes. O mesmo aconteceu com três companhias aéreas indianas, IndiGo, SpiceJet e Akasa Air.
Algumas companhias aéreas do aeroporto internacional de Singapura também relataram interrupções.
Na Nova Zelândia, a imprensa informou sobre problemas nos bancos e nos sistemas operacionais do Parlamento.
Também por uma falha técnica grave, o Hospital Universitário de Schleswig-Holstein, na Alemanha, cancelou hoje todas as cirurgias planeadas nas suas instalações em Kiel e Lübeck. A informação foi disponibilizada no site oficial do hospital.
O que provocou esta situação?
Segundo a agência francesa de segurança cibernética, ANSSI, "não há provas que sugiram que esta interrupção foi provocada por um ciberataque".
A empresa australiana de telecomunicações Telstra indicou que os cortes foram provocados por "problemas globais" que afetaram o software fornecido pela Microsoft e pela empresa de segurança cibernética CrowdStrike.
A autoridade nacional de segurança cibernética da Austrália afirmou que o "apagão em larga escala" estava relacionado com uma "plataforma de software de terceiros" e que ainda não tinha informações que sugerissem o envolvimento de hackers no incidente global.
Em um comunicado, a empresa americana Microsoft afirmou que estava a adotar "medidas" para solucionar a situação. "Os nossos serviços continuam a observar melhorias contínuas enquanto seguimos com a adoção de medidas de mitigação", escreveu a empresa na rede social X.
Não está claro se os problemas mencionados pela Microsoft estão relacionados às falhas a nível global. Não foi possível obter comentários da CrowdStrike até o momento.
Um especialista em TI da Universidade de Melbourne, Toby Murray, disse haver indícios de que o problema está relacionado com uma ferramenta de segurança chamada CrowdStrike Falcon.
"A CrowdStrike é uma empresa global de segurança cibernética e inteligência sobre ameaças", explicou.
"Falcon é o que se conhece como uma plataforma de deteção e resposta (...) que supervisiona os computadores nos quais está instalado para detectar invasões (ou seja, hackers) e responder", acrescentou.
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