A Índia superou, nesta sexta-feira, o marco de um milhão de casos de coronavírus e, horas antes, o Brasil ultrapassou dois milhões, enquanto em vários locais do mundo as restrições estão a ser retomadas, devido a novos surtos.
As autoridades ordenaram reconfinamentos locais para conter a propagação da epidemia, que já matou 25.602 pessoas, o que representa 18 mortes por milhão de habitantes, um número relativamente baixo, se comparado aos Estados Unidos (417 mortes por milhão de habitantes) e Brasil (365 mortes por milhão de habitantes), de acordo com cálculos da AFP com base em fontes oficiais.
"O medo da infecção é real (...) Não desaparecerá até que haja uma vacina. Enquanto isso, tenho que continuar a lutar e a tentar salvar vidas", diz Showkat Nazir Wani, médico que trabalha numa unidade de terapia intensiva do Hospital Sharda, nos arredores de Nova Deli, sobrecarregado pelo número de pacientes.
Em várias partes do mundo, o drama dos profissionais da saúde é o mesmo.
No Panamá, onde as infecções dispararam, os médicos aumentaram seus protestos, devido à falta de recursos humanos e materiais. "Sou médico, não mártir", "cuidem de nós para que cuidemos de vocês", exclamam nas suas manifestações.
Na Espanha, os médicos exigem o fim da insegurança no emprego com contratos decentes.
Contágios subestimados no Brasil: dois milhões registados mas podem ser "quatro ou cinco vezes mais"
No total, o número de mortes por coronavírus no mundo supera 590.000, e há quase 14 milhões de casos registados oficialmente, segundo uma contagem da AFP.
No Brasil, onde já existem mais de 76.000 mortes, a barreira simbólica de dois milhões de infecções também foi superada na quinta-feira.
E a pandemia não dá sinais de tréguas. Em apenas 24 horas, foram registaadas mais de 45.000 novas infecções.
"Dois milhões é um número simbólico, porque não temos testes em massa. Provavelmente há quatro ou cinco vezes mais. Os cálculos mais pessimistas apontam para dez vezes mais", disse à AFP o infectologista Jean Gorinchteyn, do Instituto Emílio Ribas e do Hospital Albert Einstein de São Paulo.
Em toda América Latina, as infecções somam mais de 3,6 milhões, e já existem mais de 154.000 mortes, segundo cálculos da AFP.
Nos Estados Unidos, onde a pandemia continua a avançar e já existem 3,5 milhões de infecções e mais de 138.000 mortes, a Flórida parece ser o novo epicentro. Nas últimas 24 horas, o estado registou 156 mortes e 14.000 infecções, números que superam os da Califórnia e do Texas, duas regiões também altamente afetadas.
No entanto, o governador da Flórida, Ron DeSantis, não ordenou novos confinamentos e recusa-se a aprovar o uso obrigatório da máscara em ambientes fechados. Além disso, planeia reabrir totalmente as escolas em agosto.
Moradores de Barcelona, fiquem em casa
Em várias partes do mundo, as autoridades acreditavam ter controlado a pandemia e optaram por relaxar o confinamento por razões econômicas, sociais, ou políticas.
Em países como Espanha, já existem mais de 150 novos focos de contágio, forçando o restabelecimento das restrições.
Nesta sexta-feira, as autoridades catalãs pediram aos habitantes de Barcelona, a segunda maior cidade do país, que fiquem em casa e saiam apenas se necessário, devido ao aumento das infecções.
Meritxell Budó, porta-voz do governo catalão, explicou que estão proibidas reuniões de mais de dez pessoas, a capacidade de bares foi reduzida, e teatros, cinemas e outros locais de entretenimento serão fechados.
As autoridades catalãs já haviam decretado esta semana o confinamento de 160.000 pessoas na região da cidade de Lérida.
Em Israel, onde o desconfinamento foi realizado prematuramente, como reconheceram as autoridades, o governo decidiu restabelecer a partir desta sexta-feira novas medidas pontuais, especialmente em locais de lazer e nos finais de semana, a fim de "evitar um novo confinamento geral".
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