Depois de mais de dez minutos de discussão entre Assunção Cristas e o primeiro-ministro, António Costa, sobre a execução dos fundos comunitários pelo Governo do PS e pelo anterior, do PSD e do CDS-PP, a líder centrista lembrou a “velha máxima” do ex-dirigente socialista Jorge Coelho de que “quem se mete com o PS leva”.
“Sentimos um certo degradar do ambiente de respiração democrática” em Portugal, afirmou, partindo do caso da sindicância, pedida pelo Ministério das Saúde, à Ordem dos Enfermeiros.
Assunção Cristas pediu a António Costa que partilhasse os motivos da sindicância para o CDS-PP poder concluir que “não se trata de uma perseguição pessoal”.
O primeiro-ministro não entrou em pormenores e afirmou que a sindicância tem por objetivo “apurar se houve ou não violação” de direitos e da lei.
Sobre a acusação de falta de “respiração democrática”, António Costa deu uma resposta numa frase: “Sobre democracia, depois da opinião do seu partido sobre o Vox, estamos entendidos”, disse apenas, numa referência à afirmação de Nuno Melo, cabeça de lista do CDS-PP às europeias, em entrevista à Lusa, de que este partido de Espanha não é de extrema-direita.
Os primeiros minutos do frente-a-frente entre Assunção Cristas e António Costa foram gastos a discutir números e percentagens sobre os fundos europeus e quem teve melhor ou pior execução.
Assunção Cristas questionou se Costa pode ou não “garantir que não haverá um corte de 7% na política de coesão e de 15% no segundo pilar da Política Agrícola Comum (PAC)" no futuro quadro comunitário até 2027, retomando um tema do debate televisivo de quarta-feira à noite, entre os cabeças de lista às europeias, na SIC.
O chefe do executivo prometeu que tem "feito todos os esforços para evitar qualquer perda nos fundos da coesão” e lançou um contra-ataque à líder e deputado do CDS-PP.
António Costa disse ter dificuldades em compreender que Assunção Cristas esteja tão preocupada com um eventual “corte de 1.600 milhões de euros”, esteja “tão pouco preocupada” com um aumento de 800 milhões “fixo, a cada ano” para as carreiras especiais e que o CDS-PP tenha tido “o desplante” de sugerir um Orçamento retificativo.
"Mais do que os próximos fundos, preocupa-me muito a execução dos atuais, que estará 10 pontos abaixo do programa anterior", salientou a presidente do CDS-PP.
Além do próximo quadro, Assunção Cristas desfiou os números da execução do atual quadro comunitário, como a ferrovia ou ainda na agricultura.
E, nesta última área, a líder centrista acusou António Costa e Governo de não dar prioridade à agricultura, baixando a percentagem de comparticipação nos projetos e ter deixado 18 mil projetos “por aprovar na área de apoio ao desenvolvimento e inovação”.
“A senhora deputada é que tirou dinheiro à agricultura, nós estamos a repor e a executar", acusou António Costa.
Assunção Cristas criticou ainda a atuação do Governo quanto à CP e os fracos níveis de execução no programa Ferrovia 2020, face à possibilidade, admitida pelo presidente da empresa, de “diminuir a oferta”, face ao atraso na contratação de pessoal.
De António Costa ouviu a resposta de que vai haver contratação de pessoal na EMEF para “por a CP a funcionar”.
O que valeu da deputada centrista a frase de que só responde com “futuro, futuro, futuro”, “só palavras, palavras, palavras”.
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