“Espero que o resto do ano possa trazer uma correção do discurso que aqui nos fez, que não casa com a realidade, é uma ficção”, acusou Passos Coelho, na sua intervenção inicial no primeiro debate quinzenal de 2017 no parlamento.

Depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter anunciado na abertura do debate que o défice de 2016 não será superior a 2,3%, Pedro Passos Coelho disse que este objetivo não foi cumprido através das políticas inicialmente previstas pelo executivo socialista.

“O governo aplicou mesmo um programa B – o maior corte de investimento público de que há memória em Portugal em dezenas de anos, cortes cegos nas despesas do Estado, superiores a 400 milhões de euros, e conseguiu aumentar significativamente impostos, tirando de uns e colocando noutros”, criticou Passos Coelho, dizendo que o primeiro-ministro “não fez milagres”.

“Por uma vez tem razão, não fiz milagres, fiz uma coisa simples: governar e governar com um resultado diferente do seu, onde o senhor deputado falhou, nós cumprimos”, respondeu António Costa.

Passos Coelho disse esperar que Portugal cumpra o défice em 2016 e felicitou o Governo por este resultado, mas reiterou que este não será cumprido da forma como o Governo tinha previsto.

“Até descobriu que para atingir metas eram precisas medidas extraordinárias, como o perdão fiscal (…). Felicito o governo por atingir as suas metas, mas não queira atirar areia para a cara das pessoas”, afirmou.

O líder do PSD apontou ainda dados sobre o crescimento económico português, que “comparam mal com os de Espanha e Irlanda”, e levantou o problema do agravamento dos juros da dívida em relação a estes países.

“Porque é que pagamos tanto mais que os outros? Não venha com 2015, não venha com o passado”, desafiou.

Na resposta, o primeiro-ministro resumiu a uma frase a intervenção de Passos Coelho: “É um discurso de mau perder”, gerando muitos protestos na bancada do PSD.

“Que gafe monumental essa do mau perder: o senhor que era candidato a primeiro-ministro e perdeu as eleições, deitou o Governo PSD/CDS abaixo, e vem dizer que nós é que temos mau perder? Realmente é preciso um desplante enorme”, criticou Passos Coelho.