O objetivo da visita é "avaliar a crise política e social que atravessa a Nicarágua e apoiar um processo de diálogo para restaurar a ordem democrática no país", referiu o PE, numa nota informativa, citada pelas agências internacionais.

A Nicarágua vive atualmente uma grave crise sociopolítica que começou com protestos pacíficos, em abril de 2018, contra a reforma do sistema de segurança social. As ações de protesto foram na altura duramente reprimidas pelas autoridades nicaraguenses, seguindo-se uma vaga de medidas de pressão contra as forças de oposição e a comunicação social local.

Segundo observadores internacionais, várias centenas de pessoas morreram na Nicarágua desde abril e muitas figuras da oposição e jornalistas fugiram do país, assim como muitos cidadãos comuns.

A delegação europeia, formada por um total de 11 eurodeputados de seis grupos políticos do PE, é chefiada pelo eurodeputado espanhol Ramón Jáuregui (Partido Socialista Operário Espanhol).

Na agenda da delegação, que estará em Manágua (capital da Nicarágua) entre quarta-feira e sábado, constam reuniões com o Presidente nicaraguense, Daniel Ortega, com o presidente da Assembleia Nacional, Gustavo Porras, com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Denis Moncada, e com a vice-ministra da Cooperação, Arlette Marenco.

Numa nota divulgada pelo gabinete do eurodeputado português José Inácio Faria, que é membro da Delegação para as Relações com os Países da América Central (DCAM) e da Delegação à Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana (DLAT), é referido que o grupo de representantes europeus requereu às autoridades nicaraguenses condições para se reunir com ativistas políticos, defensores dos direitos humanos, ambientalistas e presos políticos.

Segundo a agência espanhola EFE, a delegação tem encontros previstos com partidos da oposição, organizações da sociedade civil, autoridades eclesiásticas e representantes do setor dos ‘media.

“A visita assume particular importância no atual contexto político e social que se vive na Nicarágua. A presença de eurodeputados no país neste momento pode contribuir para alcançar uma solução negociada para a crise e ser um fator de esperança para os nicaraguenses que, no seu país e no exílio, aguardam o fim da repressão e das graves violações dos direitos humanos que causaram já mais de 300 mortos”, salientou o eurodeputado português.

No final da visita, a delegação irá apresentar ao PE um relatório sobre as suas observações e as suas conclusões das reuniões mantidas no território nicaraguense.

Na segunda-feira, os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) condenaram "a repressão" na Nicarágua, estando dispostos a tomar medidas para favorecer uma solução "pacífica e negociada" para a crise e responder à deterioração da situação no país.

"A UE continuará a acompanhar de perto a situação e sublinha a sua disponibilidade para utilizar todos os instrumentos de ação de que dispõe para ajudar a encontrar uma solução pacífica e negociada para a atual crise e responder a uma nova deterioração dos direitos humanos e do Estado de direito", indicaram então os chefes da diplomacia europeia.

Em maio passado, o PE já tinha condenado “a repressão e a intimidação de manifestantes pacíficos”, bem como denunciou “a deterioração da democracia e do Estado de Direito na Nicarágua, acompanhada pela crescente corrupção, muitas vezes envolvendo familiares do Presidente Ortega".

Na altura, o órgão europeu instou as autoridades de Manágua a respeitar os direitos humanos e pediu eleições justas e credíveis.

A par de pessoas oriundas das Honduras, Guatemala e El Salvador, migrantes da Nicarágua também têm integrado os grandes grupos de migrantes que ao longo dos últimos meses têm percorrido centenas de quilómetros em direção à fronteira dos Estados Unidos.