Os dados divulgados hoje, quando se assinala o Dia Mundial da Saúde, que tem como tema a depressão, indicam que a demora média de internamento para as doenças do foro mental baixou 0,2 dias em Portugal entre 2005 e 2014.
Segundo o boletim informativo semanal do Plano Nacional de Saúde, no sentido oposto variou a demora média de internamento por todas as patologias nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que no mesmo período cresceu 0,4 dias.
No documento, a DGS sublinha que “a demora média é duplicada (2X) para doenças do foro mental em relação à média para todas as patologias [7,8 dias em 2014]”.
A demora média de internamento por diagnóstico é calculada dividindo o número total de dias de internamento hospitalar, em todos os hospitais, contados a partir da data de admissão até a data de alta, pelo número total de altas (incluindo óbitos) num determinado ano.
Em Portugal, especialistas têm estimado que a depressão possa afetar anualmente cerca de 400 mil pessoas.
“A depressão afeta pessoas de todas as idades, de todas as esferas da vida, em todos os países. Provoca angústia e tem impacto na capacidade de as pessoas realizarem até mesmo tarefas diárias mais simples, com consequências às vezes devastadoras para o relacionamento com a família e amigos e a capacidade de ganhar a vida”, referem as autoridades de saúde portuguesas num texto colocado no portal do Serviço Nacional de Saúde a assinalar o Dia Mundial da Saúde.
Em Portugal, as perturbações mentais e do comportamento mantêm um peso significativo no total de anos de vida saudável perdidos e representam 20,55% do total de anos vividos com incapacidade (mais do que as doenças respiratórias ou a diabetes).
Num documento da DGS a propósito do Dia Mundial da Saúde, os especialistas recordam que as perturbações depressivas são condições de saúde diagnosticáveis e distintas dos sentimentos de tristeza, tensão ou medo que qualquer pessoa pode experienciar ao longo da vida.
Um dos dados que preocupa os especialistas é o intervalo que medeia entre o início de sintomas da depressão e o tratamento médico, que, em 2014, era em média de cinco anos. Só 35% das pessoas com depressão acedeu a cuidados médicos no primeiro ano de surgimento dos sintomas.
Portugal mantém-se há anos como o país da Europa com maior consumo de benzodiazepinas, o grupo dos ansiolíticos e tranquilizantes mais prescritos no SNS, apesar de serem medicamentos que frequentemente induzem dependência e tolerância (necessidade de aumento progressivo da dose para obter resultados).
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