Delayza Diaz tem uma doença rara que provoca um conjunto de defeitos congénitos que podem afetar a coluna vertebral, as vias respiratórias superiores e o esófago. Os médicos estimam que ocorre num bebé em cada 10.000 a 40.000 nascidos, conta a CNN internacional.
Por todas estas condicionantes, a menina nunca conseguiu usar a sua voz até aos nove anos de idade — mas comunicava.
"Era preciso prestar muita, muita atenção para ver o que ela estava a dizer", conta a mãe, Lucero Diaz, de 34 anos, que vive com a filha em Salem, no Oregon, EUA. Assim, só os membros da família conseguiam entender bem Delayza.
"Ela tinha um tablet que falava por ela, mas não gostava de o utilizar porque diz que tem a sua própria voz que pode usar", acrescentou.
Delayza nasceu "basicamente sem abertura na caixa de voz e também sem abertura na parte superior da traqueia", explicou Derek Lam, otorrinolaringologista pediátrico da Oregon Health and Sciences University, médico da menina há 10 anos. "A maioria dos bebés que nascem com isto não sobrevivem", garantiu.
Ao longo dos anos, a menina passou por várias operações para tentar recuperar desta condição. Numa das vezes, passou por uma cirurgia rara e complexa para reconstruir a caixa de voz.
Foi uma decisão difícil, diz Lam, devido aos riscos envolvidos. Para além de produzirem a fala, as cordas vocais são o principal protetor das vias respiratórias durante a deglutição. Se a cirurgia não corresse bem, poderia acabar por comprometer as vias respiratórias, interferindo com a capacidade de engolir. Isso aumentaria o risco de alimentos ou líquidos entrarem nos pulmões e causarem uma infeção.
Contudo, os médicos fizeram a cirurgia no outono de 2022, pouco antes do nono aniversário de Delayza. Foram cerca de oito horas no bloco operatório.
O resultado foi positivo: uma das cordas vocais de Delayza está agora a funcionar, o suficiente para que ela possa - pela primeira vez - aprender a falar normalmente.
"Ela tem uma corda vocal que funciona bem agora e outra que não funciona, mas parece que é capaz de compensar o suficiente com a que funciona, para que ainda possamos alcançar os objetivos que queremos", disse Lam.
Para continuar a recuperação, Delayza está a trabalhar com terapeutas da voz há alguns meses. "Ela é definitivamente muito mais inteligível e compreensível e acho que consegue comunicar melhor quando usa a sua nova voz em comparação com a forma como falava antes", adiantou o médico.
Na primeira vez que falou, foi o grande orgulho de Lucero Diaz: uma das primeiras frases que aprendeu a dizer foi "Amo-te, mãe", frase que anteriormente dizia com as mãos.
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