Depois da decisão de rever e reescrever passagens dos livros do escritor Roald Dahl, autor de "Charlie e a Fábrica de Chocolate" e "Matilda", entre outros livros infantis, chegou a vez dos livros do famoso agente secreto James Bond.

O primeiro livro de Ian Fleming Casino Royale faz em abril 70 anos, e a Ian Fleming Publications, empresa que detém os direitos das obras literárias do autor, aproveitou a ocasião para reler e fazer mudanças nos livros, com o objetivo de eliminar expressões racistas, como adiantou o The Guardian.

A palavra "negro", por exemplo, será substituída por "pessoa negra" ou "homem negro". Além disso, omitem-se referências à etnia de várias personagens secundárias.

Ainda assim, são mantidas outras passagens relacionadas com a raça ou identidade sexual: "doce sabor da violação", "mulheres levianas" que falham na hora de fazer "o trabalho de um homem" e homossexualidade como "deficiência teimosa" são alguns exemplos, como adiantou o The Telegraph.

Pretende-se ainda incluir uma advertência nas novas edições, para elementos e situações que, para as gerações mais novas, possam ser desconfortáveis. "Este livro foi escrito numa época em que termos e atitudes que poderão ser considerados ofensivos pelos leitores modernos eram comuns", adiantou o The Telegraph. "Foram feitas uma série de atualizações nesta edição, mantendo o mais próximo possível do texto original e do período em que está definido".

Esta adaptação dos livros de 007 chega a meio de um vasto debate sobre a eliminação de expressões potencialmente ofensivas dos livros de Roald Dahl, que levantou tanta polémica que levou a editora a lançar também uma nova versão sem alterações. Entre as pessoas que se manifestaram contra a decisão da editora Puffin Books está Salman Rushdie, que a considerou um "ato de censura".

*Pesquisa e texto pela jornalista estagiária Raquel Almeida. Edição pelo jornalista Gonçalo Lopes.