O Boeing 737-800, que viajava entre Bangcoc, capital da Tailândia, e Muan, cidade no sudoeste da Coreia do Sul, caiu este domingo enquanto tentava fazer uma aterragem de emergência. O avião bateu num muro e pegou fogo.

As equipas de resgate conseguiram controlar o incêndio, mas foi possível resgatar apenas dois tripulantes, os únicos sobreviventes de um voo com 181 pessoas a bordo.

No final da tarde, holofotes iluminaram os restos metálicos retorcidos enquanto um guindaste amarelo levantava a fuselagem, permitindo que as autoridades continuassem a operação de busca e resgate.

No local do acidente, ouvem-se apenas os flashes das câmaras e as vozes dos jornalistas. Sobre o asfalto, há folhetos do Duty Free, luvas higiénicas da tripulação e a cauda carbonizada do avião.

Dentro do terminal, familiares das vítimas estão reunidos à espera de notícias, muitos deles aflitos.

As telas, que normalmente exibem horários de chegada e saída, mostravam os nomes, datas de nascimento e nacionalidades das vítimas.

"Um dos meus filhos estava a bordo do avião (…) Ele ainda não foi identificado", disse à AFP um homem, que pediu para não divulgar o nome, na sala de espera do aeroporto.

Comoção

Gritos e choros enchiam o aeroporto a cada vez que as vítimas eram identificadas.

Muitos dos passageiros, a maioria sul-coreanos, com exceção de dois tailandeses, voltavam para casa após as férias de inverno.

"A minha irmã mais nova foi para o céu hoje", disse à AFP Jo, uma mulher de 65 anos, que forneceu apenas o apelido.

A irmã estava de férias em Bangcoc com as amigas, acrescentou a mulher, que usava uma máscara e um chapéu de lã cinzento.

O avião transportava 175 passageiros e seis tripulantes. Segundo as autoridades, o passageiro mais jovem tinha três anos e o mais velho, 78. Entre as crianças mortas no acidente, cinco tinham menos de 10 anos, disseram as autoridades, citando a lista de passageiros.

Minuto de silêncio

Neste domingo, os canais de televisão sul-coreanos interromperam a sua programação de fim de ano para noticiar o trágico incidente. Diferentes eventos desportivos fizeram um minuto de silêncio pelas vítimas.

É o acidente de avião mais mortal na Coreia do Sul, país mergulhado numa crise política sem precedentes após o impeachment do presidente Yoon Suk Yeol, depois de decretar lei marcial.

O Parlamento depôs Yoon em 14 de dezembro. Na sexta-feira, também destituiu o seu substituto interino, o primeiro-ministro Han Duck-soo, deixando o país nas mãos do seu terceiro líder em três semanas.

O novo presidente interino, o ministro das Finanças, Choi Sang-mok, viajou para Muan na tarde deste domingo e presidiu uma reunião governamental de emergência.

Por causa do acidente, vários grupos da sociedade civil consideram adiar as manifestações massivas, organizadas para pressionar os juízes da Corte Constitucional a validarem o impeachment de Yoon.

As autoridades indicaram que as pistas do aeroporto de Muan permanecerão fechadas durante uma semana enquanto os investigadores determinam as causas do acidente. Vários depoimentos comoventes foram partilhados nas redes sociais.

Entre eles, uma captura de tela das últimas mensagens entre um passageiro e a família, compartilhada massivamente pela imprensa local.

A mensagem do pai, que era passageiro, enviada às 9h01, horário local, dizia: "Espera, um pássaro está preso na asa. Não podemos pousar. Devo deixar um testamento?". O seu filho respondeu, às 9h37: "Por que não posso ligar-te?". A mensagem nunca foi lida.