Num planeta a viver uma crise climática que coloca o futuro do mundo, e da sua população em risco, a meteorologia é uma lotaria. Hoje, por exemplo, foi revelado que outubro de 2022, ou seja, o mês que acabou há uma semana, foi o mais quente de sempre na Europa. Por outro lado, hoje a atualidade é marcada pelo mau tempo que causou vários incidentes por todo o país.

O Copernicus, Programa de Observação da Terra da União Europeia, após um verão com temperaturas recorde, revelou que, este outubro, as temperaturas médias ficaram “quase 2ºC acima do período de referência, 1991-2020”.

Em contraste, oito dias depois do fim de outubro, o mau tempo, através da chuva forte, e até de um tornado em Lisboa, é o tema do dia.

A Proteção Civil de Lisboa registou hoje 89 ocorrências devido ao mau tempo, entre as 13:00 e as 15:00, afetando sobretudo as freguesias de Alvalade e de Alcântara, com diversas inundações, quedas de árvores e viaturas danificadas.

Em declarações à agência Lusa, a diretora do Serviço Municipal de Proteção Civil de Lisboa, Margarida Castro Martins, adiantou, cerca das 17:20, que as freguesias mais afetadas foram as de Alvalade e de Alcântara, com 18 e 12 ocorrências, respetivamente, durante aquelas duas horas.

Por tipologia, acrescentou, o vento e a chuva fortes provocaram, sobretudo, inundações em espaços públicos e privados, "inúmeras arvores caídas" e "muitas viaturas danificadas".

O teto do armazém do Banco Alimentar Contra a Fome, na Avenida de Ceuta, em Alcântara, também ficou danificado, tendo parte da cobertura voado para a linha de comboio, indicou.

Segundo Margarida Castro Martins, não há registo de pessoas desalojadas.

De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a zona de Alcântara foi afetada por “um tornado de fraca intensidade”.

Patrícia Marques, meteorologista de serviço, explicou à Lusa ter-se tratado de “uma supercélula, que passou com bastante atividade e fez um movimento rotacional que terá resultado na imagem semelhante a um funil”.

O “fenómeno de vento extremo” foi detetado pelos dados de radar do IPMA e teve “curta duração no tempo”.

Na sua página oficial na rede social Facebook, a Junta de Freguesia de Alcântara indica que este fenómeno "provocou diversos danos materiais em veículos e habitações, afetados por detritos de destroços e queda de árvores".

A Proteção Civil registou 182 ocorrências em Portugal continental, entre as 00:00 e as 15:00 de hoje, devido à chuva forte e ao vento, sendo os distritos de Lisboa e de Aveiro os mais afetados.

Segundo disse à Lusa o comandante Paulo Santos, da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), foram registadas "182 ocorrências, essencialmente por inundações na via pública e nas zonas periurbanas com quedas de árvores, não estando contabilizadas as referentes à cidade de Lisboa”.

A Proteção Civil alertou na segunda-feira a população para as previsões de chuva e vento durante o dia de hoje, com possibilidade de ocorrência de cheias, inundações e deslizamento de terras, principalmente nas regiões do Norte e Centro.