O acordo foi assinado entre o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, e o Presidente chinês, Xi Jinping, após um encontro em Hangzhou, na costa leste da China, à margem da cerimónia de abertura dos Jogos Asiáticos, evento multidesportivo que se realiza a cada quatro anos.
“Ambas as nações partilham a opinião de que, desde o estabelecimento das relações diplomáticas entre a China e Timor-Leste, há 21 anos, os dois países têm agido com respeito mútuo, tratando-se como iguais”, lê-se no comunicado difundido pela agência estatal chinesa.
“Em particular, desde que os dois países estabeleceram uma parceria abrangente de amizade, de boa vizinhança, confiança mútua e benefícios em 2014, a solidariedade política mútua foi reforçada, a cooperação bilateral em vários domínios ampliou-se e a amizade entre China e Timor-Leste está agora profundamente enraizada nos corações dos dois povos”, acrescentou.
A China é a única grande potência que rejeita alianças formais na sua política externa. Em vez disso, Pequim adota diferentes tipos de parcerias.
Uma “parceria estratégica abrangente” significa, de acordo com a diplomacia do país asiático, que a cooperação deve ser “multidimensional”, abrangendo os domínios económico, científico, tecnológico, político e cultural, e conduzida por governos e organizações não-governamentais.
O termo “estratégico” significa que a cooperação deve ser “estável” e de “longo prazo”, não estando sujeita ao impacto de eventos periódicos.
A Xinhua observou que China e Timor-Leste atravessam uma “fase crítica” nos seus “processos de modernização”, num período em que o mundo enfrenta “mudanças históricas”.
“As relações entre China e Timor-Leste assumem maior significado estratégico do que nunca”, lê-se no comunicado.
“Olhando para o futuro, as duas nações estabeleceram uma Parceria Estratégica Abrangente para liderar a cooperação em vários campos, promover o bem-estar dos dois países e dos dois povos” e “dar uma maior contribuição para a paz, estabilidade e desenvolvimento regional e global”.
Situado entre o sudeste asiático e o Pacífico Sul, a leste da Indonésia e a cerca de 550 quilómetros da Austrália, Timor-Leste surge no centro de uma região que ocupa crescente importância geopolítica, face à crescente influência da China e aos esforços dos Estados Unidos e Austrália para contê-la.
Em particular, um pacto de segurança celebrado entre a China e as Ilhas Salomão, em 2022, suscitou receios entre os países ocidentais sobre a possibilidade de abertura de uma base militar chinesa no território.
No comunicado difundido pela Xinhua indica-se que Xi Jinping e Xanana Gusmão “tiveram uma troca aprofundada de pontos de vista sobre as relações bilaterais e questões internacionais e regionais de interesse comum” e “alcançaram consensos amplos e importantes”.
“Timor-Leste elogiou fortemente as grandes conquistas alcançadas pela China na primeira década da Nova Era”, lê-se na mesma nota, referindo-se ao período dos dois primeiros mandatos do Presidente chinês, Xi Jinping, que assumiu, em outubro passado, um terceiro mandato inédito na História da República Popular.
Díli “acredita que a modernização chinesa apresenta um novo paradigma, que alarga caminhos e opções para os países em desenvolvimento se modernizarem e fornece uma solução chinesa para a humanidade seguir um sistema social melhor”, acrescentou-se no comunicado.
Sob a governação de Xi, o Partido Comunista Chinês, que afirmou sempre que a China nunca copiaria sistemas políticos de outros países, em particular a democracia de estilo Ocidental, passou a defender que o seu sistema de partido único é uma solução viável para as nações em desenvolvimento.
A China oferece um “novo tipo de sistema partidário” e vai “promover uma nova forma de relações internacionais”, afirmou anteriormente o líder chinês.
Segundo o comunicado, “Timor-Leste acredita que o Partido Comunista da China vai liderar o povo chinês (…) num esforço concertado para concretizar o objetivo do segundo centenário, de construir um grande país socialista moderno em todos os aspetos, e promover o rejuvenescimento da nação chinesa (…) através do caminho chinês para a modernização”.
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