Nova estrela do partido Republicano e possível candidato à Casa Branca, Ron DeSantis, governador do estado da Flórida, assinou esta segunda-feira um projeto de lei que lhe dá o controlo do distrito autónomo do Walt Disney World, depois de a Disney se ter oposto à lei que restringe as discussões nas escolas sobre a orientação sexual e a identidade de género. 

O distrito de Reedy Creek é zona especial que abrange cerca de 100 quilómetros quadrados, e que permitiu durante décadas que o parque temático Walt Disney World operasse autonomamente. Mas o projeto de lei assinado por DeSantis muda isso: passa a depender do governador nomear os cinco membros do corpo administrativo do distrito, que têm o controlo sobre assuntos relacionados com as infraestruturas, as construções, as pessoas contratadas e os impostos nessa zona especial. Isto tira poder ao Walt Disney World, que durante décadas funcionou como um órgão autónomo.

"O reino corporativo finalmente chega ao fim", foram as palavras de DeSantis. "Há um novo xerife na cidade e a responsabilização será a ordem do dia", acrescentou, conforme avançou o The Guardian.

DeSantis tinha aprovado uma lei que restringe o ensino de temas relacionados com a orientação sexual e a identidade de género em escolas do ensino básico, sem a autorização dos pais. Esta lei gerou controvérsia, nomeadamente junto da Disney. O CEO à época, Bob Chapek, depois de um período de hesitação em pronunciar-se publicamente, defendeu que esta proposta "nunca devia ter sido aprovada", como adiantou a Lusa, prometendo terminar os donativos políticos que a empresa até então fizera.

O governador da Flórida criticou a Disney por se manifestar contra este projeto, acusando-a inclusive de incluir assuntos impróprios no entretenimento infantil. Agora, DeSantis reage com uma medida que retira à Disney um poder que esta detinha há muitos anos.

A empresa, que é um dos maiores empregadores privados na Flórida, com mais de 60.000 trabalhadores no Estado, segundo dados da empresa consultados pela Lusa, perderá os privilégios que tinha a nível de infraestruturas e serviços públicos, garantindo os serviços essenciais e tendo até a sua própria polícia e corpo de bombeiros.

Apesar de DeSantis apresentar esta ação como uma questão de boa gestão pública, as pessoas que apontou para a administração reforçam a ideia de que esta é uma continuação na sua cruzada cultural contra a Disney: uma das pessoas escolhidas, Bridget Ziegler, foi uma das responsáveis pela lei acima descrita.

Esta ação reforça a campanha que DeSantis tem vindo a construir enquanto conservador ambicioso que parece estar a usar a Flórida como trampolim para a Casa Branca.

*Pesquisa e texto pela jornalista estagiária Raquel Almeida. Edição pela jornalista Inês F. Alves.