"É muito raro um novo trabalho ser atribuído a Van Gogh. A descoberta de um dos primeiros desenhos de Van Gogh é um deleite especial", pode ler-se no site do museu que recorda a obra do pintor. "Graças à descoberta deste estudo, ganhamos uma visão especial do processo de trabalho de Van Gogh".

"Estamos orgulhosos de poder partilhar este desenho inicial e a sua história com os visitantes do nosso museu", afirmou a diretora do espaço, Emilie Gordenker.

O desenho está a ser explicado como um estudo de outra obra e pensa-se que tenha sido desenhado no final de 1882, quando Van Gogh tinha 29 anos e dois anos de carreira como artista. Na altura, o pintor estava a realizar estudos de pessoas, muitas vezes recrutando modelos — em casas de mulheres e homens reformados — e pagando-lhes uma taxa modesta de talvez 10 centavos e um pouco de café, conta o The Guardian.

O quadro ficará exposto no museu até 2 de janeiro de 2022, sendo depois devolvido à família que o emprestou e que preferiu manter o anonimato.

O desenho representa um velho camponês curvado numa cadeira de madeira a segurar a cabeça com as mãos. O Museu Van Gogh já tinha outra obra semelhante no seu acervo, com o título "Worn Out" (traduzido para Camponês Desgastado).

O pintor falou sobre estes esboços numa carta para o seu irmão Theo. "Hoje e ontem desenhei duas figuras de um velho com os cotovelos apoiados nos joelhos e a cabeça nas mãos... Talvez faça uma litografia. Que bela visão dá um velho trabalhador, com o seu casaco de bombazina remendado e a cabeça careca".

Num ano normal, o museu recebe até 300 pedidos de pessoas que acreditam ser donos de um Van Gogh perdido. Contudo, poucos deles chegam ao museu — e menos ainda são considerados verdadeiros.

Neste caso, a investigação para autenticar o desenho foi facilitada pelo facto de nunca ter saído da posse da mesma família, passando de geração em geração, tendo sido comprado em 1910 a um conhecido colecionador, Henk Bremmer.

A qualidade do papel, o tipo de lápis de carpinteiro e até os traços característicos da maneira como o artista pendurou o papel na prancheta forneceram provas complementares.