O estudo, publicado hoje na revista ‘Child Development’, foi realizado por investigadores da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, e procurou determinar a relação entre o tipo de educação por parte dos pais e os efeitos nas crianças e jovens ao nível escolar ou comportamental.
De acordo com os investigadores, tanto os efeitos diretos como indiretos do tipo de educação que os pais dão aos filhos têm um papel importante no momento de moldar o comportamento das crianças e jovens, bem como a sua relação com os colegas.
O estudo mostrou que uma educação parental severa está relacionada com piores resultados na escola “através de um conjunto de complexos processos em cascata que enfatizam comportamentos atuais à custa de objetivos educacionais futuros”.
Os investigadores descobriram que os alunos do sétimo ano, cujos pais eram severos, tinham maior risco de no nono ano dizer que o seu grupo de amigos era mais importante do que outras responsabilidades, incluindo cumprir as regras dos pais.
Por outro lado, isto levou a que se envolvessem em comportamentos de maior risco no 11.º ano, incluindo relações sexuais precoces nas raparigas e aumento da delinquência (bater, roubar) nos rapazes.
Esses comportamentos, por sua vez, levaram a um baixo rendimento escolar (avaliado por anos de escolaridade cumpridos) três anos depois do fim do ensino secundário, o que mostra que os jovens cujos pais eram mais severos, eram mais propensos a abandonar a escola ou a faculdade.
“A educação parental influenciou os resultados educacionais mesmo depois de ter em conta a origem socioeconómica, os resultados dos testes, a média dos resultados escolares e os valores educacionais”, lê-se no estudo.
Acrescenta que os jovens cujas necessidades não são asseguradas pelas primeiras figuras de referência, os pais, vão procurar reconhecimento junto dos pares.
“Acreditamos que o nosso estudo é o primeiro a usar as histórias de vida das crianças como uma estrutura para analisar o modo como a parentalidade afeta os resultados educacionais das crianças através de relacionamentos com os colegas, comportamento sexual e delinquência”, defendeu o coordenador do estudo, Rochelle Hentges.
A investigação definiu como parentalidade severa gritar, bater ou outro tipo de comportamento coercivo, além de ameaças físicas e verbais como forma de punição.
No estudo participaram 1.482 alunos, seguidos ao longo de nove anos, começando no sétimo ano de escolaridade e terminando três anos depois da data prevista para o fim do secundário. No final do estudo, mantinham-se 1.060 alunos.
No global, o grupo incluía alunos de várias origens raciais, socioeconómicas e geográficas, tendo sido pedido aos participantes para darem conta do uso de agressões físicas e verbais por parte dos pais, bem como definirem de que forma interagiam com os colegas na escola ou falarem sobre delinquência ou comportamentos sexuais.
Marcadores de excesso de confiança com os colegas incluem, por exemplo, optar por passar tempo com os amigos em vez de fazer os trabalhos da escola ou acreditar que é correto quebrar regras para manter os amigos.
Os investigadores salientam que as conclusões do estudo têm implicações nos programas de prevenção e intervenção destinados a aumentar o envolvimento dos alunos na escola e aumentar as taxas de sucesso escolar, tendo em conta que, como as crianças expostas a uma educação parental mais severa são suscetíveis de terem resultados escolares piores, poderiam ser alvo de uma intervenção.
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