A Mata Atlântica, uma floresta tropical que se estende por toda a costa leste, sudeste e sul do território brasileiro e também em parte do Paraguai e da Argentina, é considerada o bioma mais ameaçado do Brasil. Embora seja a segunda maior floresta tropical do país, resta apenas 12% de sua vegetação original, cerca de 16,3 milhões de hectares.

“A ampliação do desmatamento da Mata Atlântica observada mostra que a destruição do meio ambiente não tem ocorrido apenas na Amazónia. E o facto é preocupante, já que restam apenas 12,4% da Mata Atlântica – o bioma é o que mais perdeu floresta no país até hoje”, afirmou Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica.

Os dados indicaram que 14.502 hectares foram da floresta destruídos entre 01 de outubro de 2018 e 30 de setembro de 2019, comparados a 11.399 no mesmo período entre 2017 e 2018.

Os estados brasileiros da Bahia (4.972 hectares destruídos), Minas Gerais, (3.532 hectares) e Paraná (2.767 hectares) registaram um grande aumento na desflorestação deste bioma, respetivamente, 78%, 47% e 35%.

Marcia Hirota, diretora executiva da SOS Mata Atlântica e coordenadora geral do “Atlas da Mata Atlântica”, apontou que ações de desflorestação prosseguem nas mesmas regiões.

“Observamos vários desmatamentos em áreas do interior e nos limites da Mata Atlântica com o Cerrado em Minas Gerais, na Bahia e no Piauí, além de regiões com araucárias no Paraná. Como são áreas já mapeadas anteriormente, os desmatamentos poderiam ter sido evitados com maior ação do poder público. É lamentável que sigam destruindo nossas florestas naturais, ano após ano”, afirmou.

Já os estados de Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e São Paulo conseguiram atingir o desmatamento menor do que um hectare, o que é considerado desmatamento zero.

Como o Atlas realizado pela SOS Mata Atlântica mede desflorestações maiores que 3 hectares, Marcia Hirota explicou que em muitos estados que chegaram ao nível do desmatamento zero pode ocorrer o chamado efeito formiga.

“Ações de desflorestação pequenas que continuam acontecendo em várias regiões e o satélite não enxerga [identifica]. É a floresta nativa sendo derrubada aos poucos, principalmente pelo avanço de moradias e expansão urbana”, concluiu.