“A destruição ou a fragmentação do habitat natural, a poluição e as alterações climáticas são dos impactos mais referidos pelos cientistas como responsáveis pelo estado das espécies selvagens em Portugal continental”, segundo um comunicado hoje divulgado.
Animais como o coelho-bravo estão em “declínio acentuado”, segundo os dados dos últimos anos, um facto que põe em risco a sobrevivência de outras espécies selvagens como o lince-ibérico e a águia-imperial ibérica, que têm neste coelho a sua principal fonte de alimentação.
Os investigadores associados ao projeto referem ainda que espécies como o arminho ainda não foram vistas e a marta, o toirão e o gato-bravo apenas foram avistados em alguns locais.
Em relação aos morcegos, outra espécie que preocupa os investigadores, sugerem-se medidas de proteção dos habitats e de redução de ameaças, com a compensação de medidas de grande impacto como barragens, autoestradas ou a expansão urbana.
Propõe-se a criação de pontos de água, o recurso a agricultura extensiva e uma maior disponibilidade de refúgios protegidos da atividade humana.
É também uma espécie ameaçada pelos efeitos das alterações climáticas, sendo visíveis as consequências na hibernação.
“Sabe-se que uma maior frequência, intensidade e duração de eventos extremos de calor no inverno podem ter uma influência significativa na duração e continuidade do período de hibernação dos morcegos, aumentando a frequência de episódios de atividade nesta estação e a necessidade de procurarem precocemente alimento e/ou abrigos alternativos mais adequados”, lê-se no comunicado.
Aponta-se ainda a necessidade de projetos de monitorização a longo prazo para conhecer o estado de conservação e as causas que podem explicar o declínio populacional de algumas espécies, algumas circunscritas a certas áreas do território, como a cabra montês no Parque Nacional Peneda-Gerês.
Sobre os mamíferos marinhos aponta-se os riscos que espécies como os golfinhos correm com capturas acidentais pela pesca, mas também os impactos da poluição nos ecossistemas marinhos.
Os investigadores identificam ainda riscos na exploração do mar para produção de energia renovável, com equipamentos que podem provocar colisões ou perturbações devido ao ruído. Se não cumprir as regras definidas, a observação da vida selvagem pode também representar um risco e há espécies marinhas ameaçadas pela diminuição de ‘stocks’ de peixe.
“O projeto “Revisão do Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental e Contributo para a Avaliação do seu Estado de Conservação” foi lançado em 2019 e pretende saber quais as espécies mais ameaçadas e as mais estáveis ou a aumentar a sua população. O prazo para a conclusão dos trabalhos de campo termina em 2021”, refere o comunicado sobre o projeto que é financiado por fundos comunitários.
Acrescenta ainda que a área de intervenção é o território continental, com foco principal na Rede Nacional de Áreas Protegidas e Zonas Especiais de Conservação da Rede Natura 2000.
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