A apreensão das tartarugas, da espécie Astrochelys Radiata (tartaruga radiante), oriunda do Madagáscar, ocorreu na sexta-feira, após uma denúncia da Administração Nacional de Áreas de Conservação de Moçambique, disse Enina Tsinine, porta-voz do Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic), na província de Nampula.
O suspeito está detido na 1.ª esquadra da cidade de Nampula, capital provincial.
O homem, residente em Moçambique, mantinha as tartarugas num espaço no seu quintal, na Ilha de Moçambique, província de Nampula, na zona norte.
Segundo o Sernic, sem que tenha revelado a proveniência, o homem terá dito que mantém as tartarugas na sua casa há 20 anos e que não as comprou, nem vende, apenas as cria.
“Ainda não temos dados concretos sobre como adquiria as tartarugas”, mas há uma suspeita, avançou a porta-voz, visto que o português tem uma licença para a prática de pesca no país.
“Temos informações de que ele tem licença para prática da pesca e tem muitas embarcações. Talvez a sua atividade o tenha ajudado na compra ou captura [das tartarugas]”, disse Enina Tsinine.
A Astrochelys Radiata, uma tartaruga terrestre (cágado), é uma espécie protegida, considerada em perigo de extinção pela União Internacional Para a Conservação da Fauna (IUCN) e que é parte do Apêndice I da Convenção Internacional para o Comércio de Espécies em perigo de Extinção da Fauna e Flora (CITES, na sigla em inglês), do qual Moçambique é membro.
De acordo com Carlos Lopes, diretor de Proteção e Fiscalização da ANAC, contactado pela Lusa, a maioria das tartarugas apreendidas são adultas - esta espécie pode viver até aos 35 anos -, e estão no contrabando internacional há algum tempo, sendo Moçambique um país de trânsito para o mercado asiático.
Citando estudos, Carlos Lopes avançou que a Astrochelys Radiante “pode custar, no mercado ilícito, até cinco mil dólares [quatro mil euros]” cada, referindo que esta é a segunda apreensão do género que ocorre no país.
“O primeiro caso ocorreu na cidade de Maputo e foram apreendidas 26 tartarugas desta espécie. Esta é a segunda e a maior apreensão”, destacou.
Segundo a ANAC, as autoridades do Madagáscar já foram contactadas para posterior repatriamento das tartarugas.
Moçambique é um país assolado pela delapidação de recursos faunísticos e florestais e várias espécies estão em risco de extinção devido à ação de caçadores furtivos.
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