“Os médicos (…) que compõem as equipas de urgência do Centro Hospitalar de Lisboa Central querem manifestar todo o apoio aos seus chefes e partilhar as mesmas preocupações”, refere o abaixo-assinado, a que a agência Lusa teve acesso.
Segundo fontes hospitalares, o documento começou a circular na quarta-feira e já foi assinado por mais de 60 médicos que compõem as equipas de urgência.
Estes médicos, que manifestam apoio às chefias demissionárias, lembram que a função dos chefes de equipa numa urgência com as características do hospital de S. José, em Lisboa, “é complexa e de enorme responsabilidade”.
“A liderança, além dos aspetos de coordenação assistencial médica e de tomada de decisão clínica, implica a defesa da coesão das equipas, a manutenção de um elevado nível de qualidade nos cuidados prestados aos doentes, a segurança das condições de trabalho dos médicos, a conservação da capacidade de formação e a continuidade da tradição secular de excelência”, refere o abaixo-assinado, que será dirigido à administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central, que integra, nomeadamente, o S. José, a Maternidade Alfredo da Costa e a Estefânia.
Na sexta-feira, os chefes de equipa de medicina interna e cirurgia geral do hospital de S. José apresentaram a demissão por considerarem que as condições da urgência não têm níveis de segurança aceitáveis.
Na carta que contém os pedidos de demissão, os profissionais apontam para a consecutiva degradação da assistência médica prestada no serviço de urgência do S. José, considerando que se chegou a uma “situação de emergência”, que impõe “um plano de catástrofe”.
“Os chefes de equipa de medicina interna e de cirurgia geral, responsáveis pelos cuidados médicos de urgência prestados durante o seu período de serviço, consideram que as atuais condições de assistência no Serviço de Urgência do Hospital de S. José ultrapassaram, em várias das suas vertentes, os limites mínimos de segurança aceitáveis para o tratamento dos doentes críticos que diariamente a ele recorrem”, refere o documento.
Os profissionais indicam que a assistência médica prestada na urgência polivalente do Centro Hospitalar de Lisboa Central “tem vindo a sofrer, ao longo dos últimos anos, uma degradação progressiva constatada por todos os profissionais” que lá trabalham.
Consideram que a falta de pessoal não se verifica apenas nas equipas de medicina interna e de cirurgia geral, mas também noutras especialidades implicadas na assistência aos doentes que recorrem ao serviço de urgência.
A situação motivou já uma visita por parte do bastonário da Ordem dos Médicos.
Na quarta-feira, em entrevista à agência Lusa, a presidente da administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central, Ana Escoval, garantiu que continua a ser seguro recorrer às urgências dos hospitais São José e Estefânia e da Maternidade Alfredo da Costa, elogiando o esforço e dedicação dos profissionais para manter o funcionamento dos serviços.
Também esta semana, chefes de equipa da Maternidade Alfredo da Costa entregaram à administração um pedido de demissão.
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