"Gostávamos de saber da linha de apoio que foi anunciada pelo Ministério da Cultura para fazer face a este período. Nunca mais se ouviu falar de nada disso. Neste momento, o Teatro do Noroeste - CDV está, em conjunto com a Câmara Municipal, a procurar financiamento privado, junto da banca. É preciso dinheiro enquanto esperamos pelo apoio Direção-Geral das Artes (DGArtes)", afirmou o diretor da companhia, Ricardo Simões.

O responsável, que falava em conferência de imprensa para apresentação da programação de maio, disse que a situação financeira da companhia "é muito difícil" e que "o fim do mês acontece todos os meses e não se compadece com atrasos de mais um mês, mais dois meses".

"Se não houver empréstimo não há vencimentos. É tão simples como isto. Em final de maio não haverá vencimentos o que é muito penoso para todos", disse o responsável que frisou que as estimativas "apontam para final de maio, início de junho, a contratualização da verba atribuída ao Teatro do Noroeste - CDV".

A candidatura apresentada pela companhia para o período 2018 a 2021 prevê um investimento de "375 mil euros, por ano, sendo que "para 2018 o apoio proposto pela DGartes, provisório, é de 250 mil euros".

O processo do concurso ao Programa de Apoio Sustentado da DGArtes, para a área do teatro, sofreu atrasos pelo facto de muitas companhias terem contestado os resultados e terem direito a um período de audiência prévia.

Segundo Ricardo Simões, face à "falta de liquidez" da companhia "foi cortada uma produção do Fernando Gomes que integrou a candidatura DO Teatro do Noroeste - CDV aos apoios da DGartes".

Além daquela produção, Ricardo Simões adiantou que a situação financeira tem obrigado a "cortes cegos", nomeadamente "em valências de outras produções, tentando não desvirtuar o projeto artístico de cada uma delas", apontando como exemplo a redução de custos com cenários e figurinos.

"Não temos capacidade de produção até começarmos a receber apoio da DGartes", frisou.

Da programação de maio, Ricardo Simões destacou o acolhimento, no dia 05 de maio, às 21:00, no café concerto do Teatro Municipal Sá de Miranda, da peça "9 anos depois", uma criação e produção do coletivo Auéééu Teatro.

No dia 06 maio, destacou ainda o acolhimento da comédia musical "Duelo a muerte del Marqués de Pickman y lo que aconteció después a sua cadáver" que vai ser apresentada às 21:30, no cineteatro dos Bombeiros Voluntários de Vila Praia de Âncora, Caminha, no âmbito de um circuito ibérico.

A digressão da peça “(I)migrantes”, com encenação do britânico Graeme Pulleyn, vai passar por Almada, Lisboa e Évora.

Com um texto inédito escrito a partir de relatos reais, (I)migrantes é "um espetáculo de contrastes, debruçando-se sobre um tema inequivocamente pesado, mas ao mesmo tempo imprimindo-lhe inesperadas nuances de alegria e momentos de riso, música, poesia e comoção, numa mistura provocadora e forte que promete revolucionar o espaço cultural dedicado ao fenómeno recente das migrações para a Europa".