“O aparecimento de diagnóstico de uma doença em qualquer família tem um grande impacto, mas esse impacto é muito maior quando a família é chamada a ser atuante no próprio tratamento, como é o caso da diabetes, principalmente nas crianças”, disse à Lusa o presidente da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), que, juntamente com a Câmara de Lisboa, organiza hoje a conferência “Diabetes e Família”, o mote deste ano da efeméride.

No caso das crianças, é “uma situação muito dramática para a família, muitas vezes com sentimento de culpa, sem qualquer justificação, porque não há qualquer culpa”, disse José Manuel Boavida.

O aparecimento da doença “provoca modificações importantes” no dia-a-dia das famílias, algumas boas, como melhores hábitos de vida, e outras más, devido “ao ‘stress’ causado à vida das pessoas”.

“Nas crianças é todo o problema, desde o controlo e o medo permanente de qualquer ocorrência que possa acontecer, nomeadamente a hipoglicémia”, mas também “a sensação horrível de ter que as picar com a insulina ou para determinar a glicemia”.

Nos adultos, “há uma preocupação permanente para saber se as pessoas estão bem” e se não sofrem as complicações mais graves da diabetes, como cegueira ou amputações, disse o endocrinologista.

É todo este quadro que “acaba por ser um peso enorme” para as famílias que têm de adaptar-se à nova realidade.

Para José Manuel Boavida, esta “adaptação” tem de ser apoiada, para “aliviar toda a carga quotidiana” do tratamento desta doença “muito especial”, que implica atitudes diárias por parte das pessoas, como ajustar a medicação, a alimentação, a atividade física para evitar as complicações da doença.

Este apoio é “uma das grandes reivindicações” que a associação pretende que “venha ao de cima” neste dia mundial. “Os familiares das pessoas com diabetes são cuidadores informais”, apesar de “pouco reconhecidos”, e evitam “imensos internamentos”, devendo por isso ser apoiados, dando-lhes formação.

“O controlo rigoroso dos fatores de risco é essencial, assim como o maior envolvimento da família, o que significa abrir as consultas aos familiares e criar sessões a eles dirigidas, ajudando-os a compreender a complexidade da diabetes”, defendeu.

A formação deve estender-se aos profissionais de saúde “no sentido de perceberem o papel da família e o impacto que a família tem quando aparecem pessoas com diabetes na família”, defendeu José Manuel Boavida.

Além do congresso, a APDP vai realizar uma marcha pelos miradouros de Lisboa e lançar a campanha “Seja mais rápido que o seu risco”, que apela aos diabéticos para terem “mais atenção à relação perigosa entre a doença e outras comorbilidades, uma vez que têm maior risco de hipertensão arterial, doença vascular, enfarte, obesidade, entre outras”.

A Federação Portuguesa das Associações de Pessoas com Diabetes também promove hoje o circuito de “Pré-Diabetes ou Diabetes”, na praça de Navegantes no Colombo, em Lisboa, para consciencializar a população para esta doença, que matou 12 pessoas por dia em 2015, segundo o último relatório do Observatório Nacional da Diabetes.

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