No primeiro debate televisivo entre os três principais candidatos às eleições de 26 de setembro, para decidir quem será o sucessor de Angela Merkel à frente do Governo alemão, o tema não foi discutido. A falta deu lugar a várias críticas, principalmente depois das inúmeras falhas notadas durante a pandemia.

“Outros países reconheceram mais cedo que a digitalização não é apenas algo adicional, mas uma grande oportunidade”, sublinhou à Lusa Lena-Sophie Müller, diretora-geral da “Initiative D21”, a maior rede alemã sem fins lucrativos de promoção à digitalização da sociedade.

A gestão da pandemia de covid-19 veio dar mais visibilidade a problemas já conhecidos: escolas com computadores ultrapassados, autoridades de saúde a trabalhar usando fax, ou serviços municipais não disponíveis online.

“Na Alemanha, as pessoas tendem a ponderar novos desenvolvimentos com muito cuidado, para não cometerem erros. Existem outros países mais disponíveis para experimentar. Além disso, a Alemanha está organizada em estados federais. Em áreas como educação e escolas, todas as 16 regiões são responsáveis por si próprias”, admitiu.

A pandemia de covid-19 veio mostrar que a Alemanha “tem mesmo de se atualizar em relação à digitalização”, revelou Lena-Sophie Müller. Também fez com que a consciencialização e a pressão pública aumentassem.

“A digitalização da administração é um projeto enorme e leva muito tempo. Mesmo antes disso (da pandemia) muitas coisas já estavam a mudar, mas muitas delas ainda não visíveis”, sublinhou.

A diretora-geral da “Initiative D21” aponta a lei na Alemanha (“Onlinezugangsgesetz” ou “OZG”) que obriga as administrações a, até 2022, disponibilizarem os seus serviços digitalmente e afirma acreditar que o principal já aconteceu, uma “mudança de mentalidades”.

“As eleições para o novo Governo estão a chegar e todos os partidos estão a colocar um grande foco na digitalização (…) O grande desafio é encontrar uma linha comum, implementar bem os planos e pensar nos benefícios concretos para os cidadãos”, adiantou.

“O nosso principal objetivo é garantir que todas as pessoas na Alemanha possam beneficiar das vantagens da digitalização da melhor maneira possível. Queremos garantir que as diferenças digitais diminuem, e que todos os cidadãos — independentemente do seu nível de educação, idade ou local de residência — possam ganhar”, explicou.

Para Lena-Sophie Müller não é certo que a criação de um ministério exclusivo para os assuntos digitais consiga fazer diferença.

“As opiniões divergem sobre isso. É questionável se um ministério pode resolver melhor todos estes desafios. Cada departamento deve interessar-se pela digitalização e pensar nela de forma centralizada”, realçou.

Se a melhor forma passa por criar ou não um novo ministério, isso deverá ser decidido por um novo Governo, e “ainda não está nada claro que Governo será”.

As eleições gerais na Alemanha estão marcadas para o próximo dia 26 de setembro.

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