"No início da reunião [do Eurogrupo], o senhor Dijsselbloem fez uma breve declaração aos ministros, dizendo que lamentava o que tinha dito e que não tinha como objetivo ofender ninguém, o que me parece que reforça a ideia de que não percebeu que não é uma questão de palavras, é uma questão da própria mensagem que está subjacente a essas palavras", afirmou Ricardo Mourinho Félix, aos jornalistas, em La Valletta.

Questionado sobre se o Governo português retira o pedido de demissão, Mourinho Félix disse que "se mantém tudo aquilo que já tinha sido dito", principalmente pelo primeiro-ministro, António Costa, que ainda esta semana defendeu que Dijsselbloem "não tem a menor condição" para continuar à frente do Eurogrupo.

Para o secretário de Estado, as explicações continuam a basear-se no entendimento de que os países que estiveram sob resgate partiram de uma "postura irresponsável".

"Mantenho que o senhor Dijsselbloem, com uma visão da área do euro que é esta, não une os europeus e a área do euro. (...) E uma coisa que o presidente do Eurogrupo tem de fazer é unir, não dividir. E ser o líder de um projeto europeu unido", afirmou.

Na conferência de imprensa que se seguiu ao Eurogrupo de hoje, em Malta, Jeroen Dijsselbloem disse que nenhum ministro pediu a sua demissão.

"Nenhum ministro se manifestou e confirmo que o Governo de Portugal tem a posição que tem, foi expressa pelo primeiro-ministro, pelo ministro das Finanças e por mim. Esta é a posição de Portugal. A posição dos outros países é dos outros países", disse, recusando comentar a falta de apoio dos restantes países do sul do euro.

"Eu não pedi a demissão diretamente. Acho que aquilo que foi dito pelo primeiro-ministro é muito claro", respondeu Mourinho Félix, quando questionado sobre se a demissão deveria ter sido pedida diretamente.

E acrescentou: "O senhor Dijsselbloem disse que estava profundamente chocado com a posição portuguesa. Portanto, ele sabe perfeitamente qual é a posição portuguesa. Disse ainda, e isso devo dizer que a mim me deixou atónito, que não ia pedir a Portugal um pedido de desculpas e acho que isso revela tudo".

No início da reunião do Eurogrupo de hoje, Mourinho Félix dirigiu-se ao presidente do Eurogrupo para lhe transmitir a posição do Governo português sobre as suas declarações sobre os países do Sul da Europa.

"Quero dizer-lhe que foi profundamente chocante aquilo que disse dos países que estiveram sob resgate. E gostaríamos que pedisse desculpas perante os ministros e a imprensa", disse Mourinho Félix ao presidente do Eurogrupo, segundo as imagens captadas pelas televisões portuguesas no 'tour de table', um momento anterior ao início formal da reunião e durante o qual podem ser recolhidas imagens pela comunicação social.

Na resposta, Jeroen Dijsselbloem disse que falaria sobre isso, mas afirmou que "a reação de Portugal também foi chocante".

"Não lhe vou exigir um pedido de desculpas… mas vou dizer alguma coisa", acrescentou o presidente do Eurogrupo.

Jeroen Dijsselbloem continua sob fortes críticas depois da entrevista ao jornal Frankfurter Zeitung, na qual afirmou, referindo-se aos países do Sul da Europa, que "não se pode gastar todo o dinheiro em copos e mulheres e depois pedir ajuda", o que motivou o pedido de demissão pelo Governo português.

À entrada para o Eurogrupo de hoje, Jeroen Dijsselbloem afirmou que não se demite e mostrou-se disponível para cumprir o mandato até ao fim, ou seja, até janeiro.

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