A informação foi confirmada por Yaniv Levy, porta-voz do Histadrut, o maior sindicato de Israel, que adiantou que as missões diplomáticas israelitas também estão em greve e que apenas estão a funcionar os “serviços de emergência”, uma vez que quer embaixadores quer cônsules aderiram à vaga de contestação, que está a paralisar o país.

Em Portugal, a embaixada informou nas redes sociais que vai estar fechada "até nova ordem".

Trabalhadores de vários setores económicos e sociais de Israel entraram hoje em greve em mais uma tentativa de aumentar a pressão sobre Netanyahu para descartar o plano de reforma judicial.

A greve geral, de caráter imediato, foi convocada hoje de manhã pelo líder do Histadrut durante uma conferência de imprensa em que exigiu o fim da reforma judicial anunciada pelo Governo, que está a dividir profundamente o país.

“Convoco uma greve geral (…) assim que esta conferência de imprensa terminar. O Estado de Israel está a parar”, anunciou Arnon Arnon Bar-David, que dirige o maior sindicato de trabalhadores de Israel.

Imediatamente após o anúncio da greve, as autoridades responsáveis pelos aeroportos de Israel disseram que os voos que estavam previstos partir do principal aeroporto internacional do país foram suspensos.

A força sindical tinha ficado de fora dos protestos que duram há semanas no país, mas a recente demissão do ministro da Defesa israelita pareceu fornecer o ímpeto para esta greve imediata.

No domingo à noite, Netanyahu demitiu o ministro da Defesa, depois de Yoav Gallant ter pedido publicamente o fim da reforma judicial, naquela que foi a primeira voz crítica do Governo, o mais à direita da história de Israel, em relação às alterações propostas.

A decisão do primeiro-ministro levou mais de 600 mil pessoas para as ruas em protestos maciços e improvisados em várias cidades israelitas. As universidades de todo o país fecharam “até nova ordem”.

Segundo precisou o porta-voz do Histadrut, os voos que deviam partir do principal aeroporto internacional do país foram suspensos, os diplomatas das missões diplomáticas israelitas no estrangeiro abandonaram o trabalho, centros comerciais e universidades fecharam portas.

O Histadrut apelou aos seus cerca de 800.000 membros — associados praticamente a todas as áreas da economia, saúde e educação, além da banca — para entrarem em greve e deixarem de trabalhar.

Espera-se que os governos locais fechem também as creches e as escolas e que encerrem também outros serviços, enquanto o principal sindicato dos médicos israelitas já anunciou também que a grande maioria dos afiliados está apenas a apoiar as urgências.

A crescente resistência ao plano de Netanyahu ocorreu horas depois de dezenas de milhares de pessoas terem saído às ruas em todo o país numa demonstração espontânea de raiva pela decisão do primeiro-ministro de demitir o ministro da Defesa.

Gritando palavras de ordem como “o país está a pegar fogo”, os manifestantes acenderam fogueiras na principal estrada de Telavive, o que levou ao encerramento da via, o mesmo sucedendo noutras cidades israelitas.

Por outro lado, milhares de manifestantes estão a protestar junto ao Parlamento israelita (Knesset) para manter a pressão.

A reforma judicial desencadeou uma das mais graves crises internas de Israel, ao unir a oposição, líderes empresariais, funcionários judiciais e mesmo militares do país.

O Presidente de Israel, Isaac Herzog, pediu hoje a Netanyahu para “atuar com responsabilidade e coragem” e pôr fim “de imediato” ao processo legislativo da polémica reforma judicial que está a dividir o país.

A peça central da revisão é uma lei que dará à coligação governamental a última palavra sobre todas as nomeações judiciais. Outras leis podem dar ao parlamento a possibilidade de anular decisões do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) e limitar a revisão judicial das leis.

Netanyahu e aliados disseram que o plano vai devolver o equilíbrio entre os ramos judicial e executivo e controlar o que consideram ser um tribunal intervencionista com simpatias liberais.

Mas críticos advertiram que as leis vão eliminar o sistema de controlos e equilíbrios de Israel e concentrar o poder nas mãos da coligação governamental, acrescentando que Netanyahu, a ser julgado por acusações de corrupção, tem um conflito de interesses.

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