“Já fizemos aquilo que temos que fazer”, que foi “a comunicação, como queixa-crime, da destruição de património” junto do Ministério Público, revelou hoje à agência Lusa a diretora regional de Cultura do Alentejo (DRCAlen), Ana Paula Amendoeira.
O monumento localiza-se na área geográfica da Junta de Freguesia de Torre de Coelheiros, no concelho de Évora, sendo uma das várias antas que estão referenciadas na Herdade do Vale da Moura.
A alegada destruição desta anta foi hoje denunciada em comunicado pelo Grupo Pró-Évora, uma associação de defesa do património da cidade alentejana, que manifestou a sua preocupação com o estado do monumento megalítico.
A diretora regional de cultura disse que também “teve conhecimento da destruição de património arqueológico na Herdade do Vale da Moura”, a qual ocorreu “na sequência de um projeto de agricultura de amendoal de regadio”.
“Estamos ainda a averiguar a extensão da destruição, mas aquilo que sabemos é que foi destruída uma anta que estava referenciada no Plano Diretor Municipal (PDM) de Évora” e no parecer da DRCAlen sobre “património a salvaguardar naquela propriedade”, referiu.
Ana Paula Amendoeira indicou que a DRCAlen está “a avaliar a extensão do que foi efetivamente destruído” para, posteriormente, “fixar medidas de salvaguarda dos trabalhos arqueológicos que vão ter que ser feitos em todo o caso”.
Segundo o Grupo Pró-Évora, “a destruição deste património arqueológico, de finais do período neolítico ou do calcolítico, ocorreu neste verão, apesar de os responsáveis pela plantação naquela propriedade (arrendada) estarem informados da sua existência”.
A associação disse também que o monumento megalítico funerário alegadamente destruído “consta do Inventário Arquitetónico e Arqueológico do PDM de Évora, sendo considerado de reconhecido valor ‘a classificar'”.
Contactado pela Lusa, o presidente do Grupo Pro-Évora, Marcial Rodrigues, precisou que a anta ficou “completamente danificada”, nomeadamente as pedras que se encontravam na vertical e que formavam o monumento.
“Os mecanismos de fiscalização são quase inexistentes”, observou, admitindo que “não pode andar um técnico pelo campo o dia inteiro a ver o que se passa” durante a plantação de culturas.
No comunicado, a associação lembrou que já tinha alertado para “o grande número de destruições ou afetações de património arqueológico, provocadas por revolvimentos de solos de grande profundidade e extensão, associados ao incremento de culturas intensivas”.
“O acréscimo de atividade agrícola, propiciado pela barragem de Alqueva e pelo alargamento do seu perímetro de rega, não pode ocorrer sacrificando recursos naturais ou patrimoniais não renováveis”, sublinhou.
O Grupo Pro-Évora apelou ainda ao “reforço do controlo administrativo por parte do Estado, em particular do Ministério da Cultura, mas também do município de Évora”, para “evitar novas ocorrências”.
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