Tedros Ghebreysus, que participou num painel de discussão no Fórum para a Paz em Paris, sublinhou que “África, em particular, é o continente mais afetado pela distribuição desigual” de vacinas contra a covid-19, com apenas 5% da sua população coberta.

O número contrasta com as taxas de cobertura dos países membros do G20, que já inocularam mais de 80% das vacinas anti-covid-19 ministradas em todo o mundo.

O diretor-geral da OMS considerou esta desigualdade “condenável” de um ponto de vista moral, mas também devido às consequências epidemiológicas e económicas.

“É algo que precisa de ser resolvido”, disse Tedros Ghebreysus, que apelou aos governos que têm muitas vacinas para as partilharem, por forma a se alcançar o objetivo de 40% de cobertura da população mundial até ao final deste ano e 70% até meados de 2022.

O responsável da OMS advertiu que, se a tendência atual se mantiver, haverá cerca de 80 países em todo o mundo que não atingirão uma cobertura de 40% até ao final de 2021.

Ghebreysus sublinhou que, após vários meses em que a pandemia parecia estar a diminuir, há um aumento dos casos e a incidência e o número de mortes é agora novamente muito elevado, com cerca de 7.000 mortes por dia.

“Nenhum país conseguirá, por si só, pôr fim a esta pandemia”, repetiu o chefe da OMS, que também aproveitou a oportunidade para apelar à generalização da cobertura universal dos cuidados de saúde, o que, na sua opinião, permitiria, entre outras coisas, evitar futuros surtos epidémicos.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que participou na mesma mesa redonda, assegurou que a União Europeia (UE) “está totalmente empenhada em resolver a injustiça” do acesso desigual às vacinas em diferentes partes do mundo.

Michel disse que, nos últimos dias, os membros da EU adicionaram 200 milhões de doses ao dispositivo Covax, criado para garantir a distribuição de vacinas anti-covid-19 aos países mais pobres.