Emanuel Dias, diretor dos serviços de cirurgia vascular – que esteve reunido com o presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, sexta-feira, a par com os colegas responsáveis pela cirurgia geral, ortopedia e medicina interna – referiu que “nessa transição pediu-se ao presidente um canal direto com o secretário regional da Saúde para tentar resolver o problema das escalas com os médicos do HDES, voltando-se ao que era antes”.
O presidente do Governo dos Açores disse sexta-feira ter a garantia de que os diretores dos serviços clínicos vão “mudar o comportamento” e retirar a demissão, após a saída da presidente do hospital de Ponta Delgada, que se demitiu entretanto.
“Não quero falar em nome dos senhores diretores, mas o que me transmitiram é que, perante estas soluções e estes compromissos, iriam mudar o seu comportamento. Portanto, o que eu interpreto é que a alteração de comportamentos, naturalmente, implicará uma retirada da demissão”, declarou.
Vinte e um dos 25 diretores dos serviços do Hospital de Ponta Delgada demitiram-se sexta-feira, segundo disse à Lusa o médico Emanuel Dias, considerando que o presidente do Governo Regional foi “enganado” pela administração sobre as escalas.
Nas suas declarações de hoje à Lusa, o diretor dos serviços de cirurgia vascular salvaguardou que para sanar o problema coloca-se ainda a questão da disponibilidade ou não dos médicos para assegurarem as horas extra para além do limite das 150 horas impostas por lei, que “é uma questão pessoal”.
“O que prometemos, os quatro, ao senhor presidente, foi que iriamos retirar o papel da demissão e tentar com os colaboradores dos nossos serviços retirar a indisponibilidade de maneira a poder-se construir as escalas”, declarou Emanuel Dias.
Os restantes diretores de serviços do HDES que não estiveram no encontro com o presidente do Governo dos Açores foram informados dos resultados da reunião.
Segunda-feira haverá uma reunião com todos, mas a decisão de voltar atrás na demissão “é individual, pertence a cada diretor”, segundo Emanuel Dias, que adiantou que a diretora dos serviços de cirurgia, demissionária há um mês, “aceitou voltar às suas funções”.
“Arrasar a estrutura é fácil, o que foi feito pelo conselho de administração, a reconstrução tem que ser rápida mas não depende só dos diretores de serviços porque trata-se de uma decisão pessoal”, afirmou.
Emanuel Dias identificou que, nesta primeira semana de dezembro, os “buracos que existem são na cirurgia geral e na ortopedia”, tendo os médicos daqueles serviços “conseguido tapar a escala até quinta-feira”, estando esta coberta até 07 de dezembro, mas a “questão que se coloca é partir do dia oito e 15”.
“Além da ortopedia e da cirurgia geral, a partir do dia 15 de dezembro surgirão mais 12 especialidades com buracos se nada for feito”, afirmou o responsável. clínico, que salvaguardou o empenhamento dos médicos para servir em condições normais os utentes do HDES.
Médicos dos três hospitais públicos da região (Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta) manifestaram, num abaixo-assinado enviado ao presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, ao vice-presidente do executivo, Artur Lima, e ao secretário regional da Saúde e Desporto, Clélio Meneses, a sua indisponibilidade para realizar horas extraordinárias para além do limite legal das 150 horas, o que poderá colocar em causa o serviço de urgência já em dezembro.
Em causa estão declarações do vice-presidente do Governo dos Açores, que já afirmou que não teve “intenção de ofender os médicos” quando falou sobre o trabalho extraordinário, após ter sido criticado por PAN, BE e PS no parlamento regional.
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