“Na manhã do dia 07 de setembro, próximo do Museu Nacional de Arte, desconhecidos colocaram Kolesnikova numa carrinha na qual estava escrita a palavra ‘Sviaz’ (Comunicações) e levaram-na para um local desconhecido”, refere o portal.
Kolesnikova, membro do Conselho de Coordenação para a transferência pacífica do poder na Bielorrússia, é uma das principais figuras da oposição bielorrussa no país e uma das poucas que escolheram não se exilar no estrangeiro.
“Recebemos informação de que Maria [Kolesnikova] foi provavelmente detida no centro de Minsk”, afirmou à agência de notícias russa Interfax o membro do Conselho de Coordenação Pavel Latushko, acrescentando que também não consegue contactar outros ativistas do organismo.
“Não conseguimos comunicar com Anton Rodnenkov nem com Ivan Kravtsov. Não sabemos onde estão nem o que lhes aconteceu”, disse Latushko.
“A única coisa que podemos supor é que as autoridades farão tudo o que puderem para impedir o trabalho do Conselho”, adiantou.
A Polícia de Minsk negou que Kolesnikova tenha sido detida por agentes da corporação.
Kolesnikova, música de profissão, é a única das três mulheres que enfrentaram o Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, na campanha para as presidenciais que continua em Minsk, já que a líder da oposição, Svetlana Tikhanovskaya, e Veronika Tsepkalo partiram para o exílio depois das eleições de 09 de agosto.
Kolesnikova disse, numa entrevista recente à agência de notícias espanhola Efe, que não tinha medo de ser presa.
“Conheço muito bem os últimos 26 anos da história da Bielorrússia. Foi uma escolha e um risco que assumi com todas as consequências. Mas o futuro da Bielorrússia merece que se lute e que sacrifiquem algumas comodidades. Não me arrependo”, concluiu.
A Bielorrússia tem sido palco de várias manifestações desde 09 de agosto, quando Alexander Lukashenko conquistou um sexto mandato presidencial com 80% dos votos, eleições consideradas fraudulentas pela oposição.
Lukashenko, de 66 anos e que há 26 lidera a ex-república soviética de 9,5 milhões de habitantes, tem acusado os manifestantes de serem “marionetas” do Ocidente.
A líder da oposição na Bielorrússia, Svetlana Tikhanovskaya, que se exilou na Lituânia após o escrutínio, exigiu na sexta-feira perante o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas o uso de “todos os mecanismos”, incluindo sanções, para terminar a violência e as “violações dos direitos humanos” do Governo de Minsk.
Nos primeiros dias de protestos, a polícia deteve cerca de 7.000 pessoas e reprimiu centenas de forma musculada, suscitando protestos internacionais e ameaça de sanções.
Tikhanovskaya, 37 anos, também solicitou o envio imediato de observadores internacionais para que documentem a situação no terreno e a convocação de uma sessão especial do Conselho de Direitos Humanos para discutir a crise na Bielorrússia.
Os Estados Unidos, a União Europeia e diversos países vizinhos da Bielorrússia rejeitaram a recente vitória eleitoral de Lukashenko e condenaram a repressão policial, exortando Minsk a estabelecer um diálogo com a oposição.
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