"Mais do que o futuro imediato e da questão da liderança, os militantes falaram no futuro do partido, desafiando a Comissão Política Distrital a iniciar o trabalho autárquico, nomeadamente com a escolha de equipas para as juntas de freguesias e câmaras municipais", afirmou Alberto Machado no final da reunião da Assembleia Distrital, em Gondomar, que terminou na madrugada de hoje.

Em declarações à Lusa, o líder da maior distrital social-democrata explicou que este foi o grande enfoque da reunião, onde poucos militantes escolheram falar sobre a liderança do partido.

"Das 30 intervenções que tivemos, apenas seis ou sete falaram no assunto liderança e desses a maioria manifestou apoio a Rui Rio", disse, sublinhando que a principal preocupação dos militantes do distrito do Porto é inverter a tendência de perda de mandatos dos três últimos atos eleitorais.

"O PSD sempre foi um partido de implantação territorial, das autarquias, e, portanto, o grande desafio que os militantes pediram hoje à Comissão Política Distrital, e que naturalmente a Comissão vai assumir como bandeira para os próximos meses, é o início do trabalho autárquico", reiterou.

Segundo Alberto Machado, a única voz crítica foi a da presidente dos Trabalhadores Sociais Democratas (TSD), Carla Barros. O dirigente não quis confirmar se aquela estrutura tinha retirado ou a não a solidariedade institucional à Distrital pela forma como foi levado a cabo o processo de elaboração das listas de deputados.

À Lusa, o dirigente garantiu que, da parte da Distrital, não há qualquer quebra com nenhuma das estruturas do PSD, apenas um mal-entendido, acrescentando que há disponibilidade para reunir e para prestar esclarecimentos.

O social-democrata salientou, contudo, que a maioria dos militantes "entendeu" o processo que levou à elaboração das listas de deputados, que no distrito resultou na eleição de mais um deputado, colocando agora o enfoque na união do partido.

"A conclusão que eu retiro desta Assembleia Distrital é que os militantes efetivamente procuram um PSD unido, forte e coeso, que comece desde já a trabalhar para as eleições autárquicas de 2021", frisou.

Quanto à liderança do partido, Alberto Machado esclareceu que "brevemente" a Comissão Política Distrital vai reunir para discutir as diretas e decidir sobre esta matéria.

O dirigente lembrou que o histórico dos últimos 15 anos mostra que a Comissão Política nunca apoiou em todos estes anos nenhum candidato, servindo apenas de plataforma de contacto entre os militantes e as várias candidaturas, cumprindo o espírito das diretas, de liberdade total de voto para cada militante.

Rui Rio anunciou na segunda-feira que é candidato nas próximas eleições internas do PSD, afirmando estar disponível para enfrentar as adversidades inerentes, mas não as deslealdades internas ou permanentes boicotes internos.

Com este anúncio, Rio entra na corrida eleitoral que, em janeiro, deverá ser disputada também pelo antigo líder parlamentar Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz, antigo líder da distrital de Lisboa, que anunciaram a 09 e a 18 de outubro, respetivamente, as suas candidaturas à liderança do partido.

As eleições diretas para eleger o próximo presidente do PSD deverão realizar-se em meados de janeiro e o Congresso na primeira ou segunda semana de fevereiro, mas as datas concretas serão fixadas num Conselho Nacional que vai realizar-se a 08 de novembro.