Segundo Pedro Tavares, os dados obtidos até à data de hoje dizem respeito a pedidos de empresas “que deram entrada na Segurança Social para ‘lay-off” (dispensa temporária de trabalhadores, que figura entre as 30 medidas que o Governo adotou para conter os efeitos da pandemia da covid-19 nas empresas).

Neste momento, o NERGA não consegue “distinguir nem o perfil das empresas nem o número de trabalhadores que é afetado” pela situação, disse.

O responsável explicou, no entanto, que, regra geral, o que costuma acontecer é que quando o pedido é feito junto da Segurança Social, as empresas, “automaticamente, colocam os funcionários em ‘lay-off'”.

“Não quer dizer que, depois, a Segurança Social vá aceitar a totalidade dos pedidos” que foram feitos por “grandes e pequenas empresas” da região.

De acordo com o presidente do NERGA, os empresários seus associados “deram conta que os efeitos da pandemia vão ser muito mais alongados do que se estava a prever”.

“E, portanto, o que estão a fazer é a precaver-se desde já, na redução de despesas, para aguentarem as empresas estabilizadas no tempo que for possível”, justifica.

Devido à pandemia causada pela covid-19 a diminuição da faturação das empresas “é enorme”, acrescentou, apontando que muitas empresas (como restaurantes e lojas) foram obrigadas a fechar por Decreto e também “há empresas que pararam por falta de matéria-prima”.

As firmas da região da Guarda “estão com muitas dificuldades em se manterem a trabalhar normalmente”, daí que recorram ao ‘lay-off’, disse.

O presidente do NERGA vaticina que algumas empresas já não vão reabrir as portas porque as ajudas disponibilizadas são “muito à base de empréstimos e moratórias” e “continuam a ter praticamente as mesmas despesas” com rendas e impostos.

Quando a situação no país voltar à normalidade, resta saber “como é que as empresas vão pagar as despesas correntes desses meses [sem atividade] mais as moratórias a que estão a recorrer agora”, aponta.

O responsável está apreensivo, por exemplo, com as lojas de pronto a vestir, pois “pode passar o período de venda da coleção de verão” e “vão ter que saldar tudo, não tendo qualquer tipo de lucro”.

O número de trabalhadores abrangidos pela medida de ‘lay-off’ simplificado, lançada pelo Governo para responder à pandemia de covid-19, abrange atualmente já mais de 930 mil trabalhadores, segundo dados divulgados pela ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho.

Segundo a governante, por dimensão, 96% das empresas que solicitaram o regime do ‘lay-off’ simplificado têm até 50 trabalhadores e 79% das empresas têm até 10 trabalhadores.

Portugal regista 599 mortos associados à covid-19 em 18.091 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.

Relativamente ao dia anterior, há mais 32 mortos (+5,6%) e mais 643 casos de infeção (+3,7%).

Portugal está em estado de emergência desde 19 de março, que deverá ser renovado esta semana por um novo período de 15 dias.