Na discussão sobre as novas alternativas à extrema-esquerda e à esquerda radical, na Culturgest, em Lisboa, André Ventura, do Chega, e João Cotrim Figueiredo, da Iniciativa Liberal (IL), revelaram ironias, picardias e divergências: se Ventura acusou Cotrim de ter o discurso “mais do mesmo” que levou a direita a sucessivas derrotas, Cotrim acusou o Chega de não ter “oxigénio” para oferecer à “charca” em que disse ter-se transformando o pais governado pelo PS.

No palco do debate estiveram Miguel Morgado, ex-adjunto de Passos Coelho e dinamizador do movimento 5.7, que agrega personalidades de vários quadrantes do centro-direita, André Ventura e Cotrim Figueiredo.

O deputado do Chega defendeu um “discurso pragmático” de resposta aos problemas das pessoas e ironizou, desafiando Cotrim a ir ao Alentejo falar com quem não tenha água com um discurso “da felicidade” ou “da ambição”.

João Cotrim Figueiredo até admitiu que o Chega “serve para muito”, mas falta-lhe “oxigénio para dar” como resposta a uma situação de estagnação do pais, “uma charca”.

“Portugal parece um charco de águas paradas, a nossa ideia é dar oxigénio a essas águas”, afirmou.

E criticou o discurso de pragmatismo do Chega, afirmando que “não há mudança que não comece pela cabeça das pessoas”.

O pragmatismo do Chega não leva à mudança e o deputado do IL disse que “não quer saltar de uma panela para a frigideira”.

E foi também André Ventura quem ironizou com a ideia de uma “reflexão intelectual”, sugerida por Miguel Morgado, preferindo Cotrim a formulação de “reflexão cultural”.

Quase no final da conversa, Cotrim personificou as divergências ao dizer que não é adepto de um “alinhamento pré-eleitoral das direitas em Portugal” e Ventura garantiu que a estratégia da direita contra a esquerda, nomeadamente o PCP, deve ser “dar-lhes com toda a força”.

“Temos que lhe dar com tudo, a esquerda não percebe outra linguagem. Atiram-nos com um, respondemos com três”, exemplificou.