A ideia é simples e como todas as ideias simples quando acontecem é natural que as pessoas se perguntem: como é que não se pensou nisso antes? “Isso” é uma rádio online em que os radialistas são crianças e jovens dos 7 aos 17 anos que aqui apresentem com uma equipa de “crescidos” que trabalham em regime de voluntariado.

Em menos de dois anos, a rádio destes miúdos já provou que era uma ideia à espera de quem pegasse nela ao colo com carinho e a fizesse dar os primeiros passos. Tal qual se faz com os bebés. O projeto começou com a carolice de Verónica Milagres, a diretora, a cumplicidade de João Pedro Costa, radialista e formador de rádio, e a colaboração de vários voluntários que ajudaram a por de pé um projeto que está no ar 24 horas por dia, que chega a famílias portuguesas espalhadas pelo mundo e que tem correspondentes em vários pontos do país e também já no Reino Unido e em Cabo Verde. O que faz desta rádio, mais que um meio de comunicação, uma escola de potenciais talentos em rádio, jornalismo e animação e um espaço de ocupação dos tempos livres diferente das ofertas mais comuns.

“Temos como regra a rádio tem de ser mesmo uma ocupação para os tempos livres e que não podem descer as notas por causa do que aqui fazem”, conta João Pedro Costa. Quando assim acontece, há um radialista júnior de quarentena até regressar ao bom desempenho escolar. Mas também há histórias de quem encontrou o seu caminho por causa desta rádio. “miúdos com um talento e uma capacidade incrível que passavam horas online sem saber bem o que faz e que aqui estão a desenvolver verdadeiras competências que no futuro lhes podem ser úteis”.

A uns e a outros une a paixão, aquela paixão de que falam todos os que passam por um estúdio de rádio. “Os programas são muito discutidos e mesmo que as linhas de orientação - o “como se faz” - seja dado pelos adultos, há sempre participação dos miúdos no que se faz e queremos que seja cada vez mais esse o caminho”.

“Em rádio uma branca é uma bronca”

De segunda a sexta-feira, das 14 às 16horas, a emissão é em directo. É aí que se ganha o verdadeiro bichinho da rádio, do planeamento aos imprevistos, da gestão de sons e do silêncio à noção do que “em rádio uma branca é uma bronca”.

A grelha de programas é diversificada. Há música, muita música e “não apenas a música e os músicos do costume”, mas há também o primeiro programa de rádio em português de meditação para crianças, um programa de filosofia, outro de psicologia, entrevistas e muitas histórias partilhadas.

Economicamente o projeto tem vivido de apoios recolhidos em inciativas como o prémio promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian - Faz Ideias de origem Portuguesa, em que conquistaram um terceiro lugar em 2015 que lhes permitiu o arranque e um apoio jurídico precioso e a distinção em 2016 pela representação da Comissão Europeia  em Portugal. Este ano, a Rádio Miúdos é um dos 10 finalistas do Prémio Nacional das Indústrias Criativas promovido pela Unicer e por Serralves.

Fora deste âmbito, as principais receitas provêm dos eventos de carácter pedagógico que a rádio realiza pelo país, em escolas ou juntas de freguesia, e em que vai conquistando um número crescente de fãs. A publicidade tradicional não representa ainda uma grande ajuda, mas os promotores esperam fechar alguns acordos nos próximos meses sempre salvaguardando que esta é uma rádio que não pode promover qualquer marca.

Nos planos para o futuro está também a ideia de um estúdio móvel, montado numa carrinha, que possa levar o sonho da rádio terra a terra, miúdo a miúdo. Afinal, basta apenas um carro e tecnologia que não custa mais que algumas centenas de euros para a rádio estar no ar pelo país fora.

Não deixe de os ouvir:

Hoje, Dia Mundial da Criança, a Rádio Miúdos tem uma emissão especial das 14 ás 16horas, que pode acompanhar aqui.

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