Numa carta aberta dirigida ao reitor da Universidade de Coimbra (UC), Amílcar Falcão, e aos membros do Conselho Geral, os professores criticam a decisão do Conselho de Veteranos de manter as atividades praxísticas no presente ano letivo, em contexto de pandemia de covid-19.

No documento a que a agência Lusa teve acesso, os professores apelam "no sentido de adoção de posições de maior firmeza que impeçam a realização de praxes no período de pandemia".

Os signatários recordam que foi feito um esforço significativo por parte de toda a comunidade para que o ano letivo "possa decorrer com a normalidade possível".

"A decisão de um grupo de estudantes sem qualquer representatividade democrática ou institucional de manter atividades que, pelo seu próprio cariz, nomeadamente suscitando entusiasmos que contrariam as regras e os conselhos das autoridades sanitárias, criam injustificadamente fortes situações de risco, parece-nos merecer das autoridades universitárias uma posição firme de distanciamento", pode ler-se na carta.

Os docentes da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC) consideram que essas mesmas autoridades deveriam solicitar à anulação das atividades praxísticas "em qualquer lugar, na linha, aliás, do que aconteceu com as autoridades de outras instituições universitárias em contexto pandémico, nomeadamente a Universidade de Lisboa".

"Não surpreende que quer a comunidade universitária, quer a comunidade local, quer o país, estranhem, por um lado, os sacrifícios que lhes são exigidos e, por outro lado, a permissividade em relação a atividades de alto risco, como a praxe, cuja realização não se reveste de nenhuma utilidade e poderá acarretar enormes danos, podendo até pôr em causa o decorrer do ano letivo, prejudicando docentes, estudantes, famílias e a cidade", afirmam os professores da FLUC.

No final de setembro, o Conselho de Veteranos confirmou que a praxe não ia ser suspensa, mas que passaria a ter novas regras, como o uso de máscara, distanciamento e proibição de grupos com mais de dez alunos.