O nome foi escolhido pelo líder da empresa de materiais de construção sustentáveis EnviroBuild, que pagou 25 mil dólares (cerca de 22 mil euros) num leilão para ter o direito de nomear o anfíbio.

Dermophis donaldtrumpi é uma uma cecília ou cobra cega: um anfíbio cilíndrico, alongado, com cerca de 10 cm, que não tem patas.

O anfíbio foi descoberto no Panamá e, segundo Aidan Bell, da EnviroBuild, a sua capacidade de enterrar a cabeça na areia é comparável à abordagem de Donald Trump às alterações climáticas.

Dermophis donaldtrumpi créditos: EnviroBuild

“É o nome perfeito. cecília tem origem no latim 'caecus', que significa cego, um espelho perfeito da visão estratégica do presidente Trump relativamente às alterações climáticas”, diz Aidan Bell, citado pelo The Guardian.

O valor arrecadado em leilão pelo direito de nomear o anfíbio reverterá para a ONG Rainforest Trust.

Os cientistas que encontraram a espécie concordaram em nomear o anfíbio de Dermophis donaldtrumpi quando fizerem a publicação científica da descoberta.

De referir que Dermophis donaldtrumpi, sendo um anfíbio, está particularmente vulnerável aos impactos do aquecimento global, correndo mesmo o risco de extinção.

No verão de 2017, Donald Trump anunciou a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris sobre o Clima (um acordo em que quase 200 países se comprometeram a encetar esforços para limitar a temperatura média global a 2ºC e, preferencialmente, não ultrapassar sequer o limite de 1,5ºC). À data, Trump justificou a saída com a proteção dos interesses americanos.

"Para proteger a América e os seus cidadãos, os Estados Unidos vão sair do Acordo de Paris", disse o presidente norte-americano, que classificou o acordo como "uma redistribuição maciça da riqueza dos EUA por outros países".

Mais recentemente, o presidente norte-americano disse não acreditar nas conclusões de um relatório federal que alerta contra as consequências negativas das alterações climáticas sobre a economia.

"Eu não acredito", afirmou Trump em relação ao relatório 'National Climate Assessment' ('Avaliação Nacional do Clima'), que foi redigido por mais de 300 cientistas, de 13 agências governamentais e outros fora do Governo, e divulgado em novembro deste ano.

De acordo com o documento, os Estados Unidos podem perder "muitas centenas de milhares de milhões de dólares" até ao final do século devido aos gases com efeito de estufa.

Donald Trump explicou que leu "um pouco" do documento. "Nunca estivemos mais limpos do que somos agora, e isso é muito importante para mim, mas se estamos limpos e todos os outros lugares estão sujos, não é tão bom", afirmou o Presidente dos EUA.

O relatório detalha como o aquecimento global, resultante da queima de combustíveis fósseis - petróleo, gás e carvão -, está a prejudicar toda e cada região dos EUA e como se manifesta nos diferentes setores da economia, incluindo a energia e a agricultura. "As alterações climáticas estão a mudar onde e como vivemos e apresentam desafios crescentes à saúde humana e à qualidade de vida, à economia e aos sistemas naturais que nos suportam", afirmaram os autores do documento.