"A emergência climática é uma corrida que estamos a perder mas que ainda podemos ganhar. A crise climática é provocada por nós e as soluções devem vir de nós. Temos as ferramentas: a tecnologia está do nosso lado", afirmou Guterres perante dezenas de líderes internacionais ao abrir a Cimeira da Ação Climática, que decorre hoje na sede da ONU.
Vista como forma de dar um novo fôlego ao Acordo de Paris, alcançado em dezembro de 2015, a cimeira convocada por António Guterres já deu os seus frutos. Respondendo ao apelo de Guterres 66 países subscreveram o princípio da neutralidade carbónica em 2050, comprometendo-se a não produzir nessa altura mais gases com efeito de estufa do que aqueles que conseguirem absorver. Até agora só uma vintena de países (Portugal foi o primeiro) o tinha feito.
O anúncio foi feito esta manhã na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, mas nem isso tirou o ceticismo da ativista Greta Thunberg, a jovem sueca que ficou mundialmente conhecida por fazer no seu país greves contra a inação do governo na luta contra as alterações climáticas. A jovem foi convidada para discursar na cimeira e o que fez foi perguntar aos líderes mundiais como é que se atreveram a roubar-lhe os sonhos e a infância.
Greta Thunberg falou das provas científicas sobre as alterações climáticas, das extinções de espécies e destruição de ecossistemas, e acusou os dirigentes do mundo de só falarem de dinheiro e do crescimento económico. “A mudança vai chegar, quer vocês gostem ou não”, disse. E os líderes mundiais aplaudiram-na.
A cimeira precede a Assembleia-geral da ONU e dezenas de chefes de Estado e de Governo estão presentes. O Presidente dos Estados Unidos, que já disse que não acredita na influência humana nas alterações climáticas e anunciou a saída do Acordo de Paris, sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa sobre o clima, assinado por 195 países, esteve presente na sala onde decorre a cimeira mas apenas por alguns instantes, ainda que não fosse sequer esperado.
Numa cimeira marcada pela ausência de outros países como a Austrália ou o Brasil é assinalada a presença da China ou da Índia, duas grandes economias mundiais e grandes produtores de gases com efeito de estufa.
O Presidente francês, Emmanuel Macron anunciou que programas de proteção das florestas tropicais no valor de 500 milhões de dólares vão ser criados pelo Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento e pela organização Conservação Internacional.
Macron prometeu que as últimas centrais a carvão de França serão encerradas até 2022 e elogiou a Rússia, que anunciou hoje a ratificação do acordo de Paris.
"O primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, assinou uma resolução governamental sobre a adoção pela Rússia do Acordo de Paris sobre o clima”, anunciou o Governo russo na sua página oficial pouco antes da abertura da Cimeira da Ação Climática.
E nas Nações Unidas mas por videoconferência o Papa Francisco pediu "verdadeira vontade política" para enfrentar as alterações climáticas, considerando que os compromissos globais "ainda são muito fracos".
Por esse motivo, pela falta de ação dos líderes políticos nos Estados Unidos, ativistas ambientais manifestaram-se hoje em Washington, respondendo ao apelo de um movimento que pretendia "bloquear" a capital norte-americana para denunciar a crise climática e a falta de ação.
O movimento Extinction Rebellion (XR) colocou um pequeno barco a bloquear uma rua, para simbolizar a subida do nível do mar que, de acordo com o XR, ameaça a capital dos EUA, banhada pelo rio Potomac.
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