Em nota enviada à agência Lusa, João Costa Ribeiro Filho, advogado no Brasil de Duarte Lima, refere que o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decidiu enviar o processo para Portugal para ser julgado pelos tribunais portugueses, mas salientou que esta decisão “não é definitiva”, porque “dela cabe recurso”, o que irá ser feito pela defesa do antigo deputado do PSD.
O advogado lembra que o processo estava concluído para julgamento no início de 2016 na comarca de Saquarema, mas “estranhamente, nessa data, o Ministério Público (MP) brasileiro, que teve a direcção do processo durante mais de seis anos, não confiou no sistema de justiça brasileiro e pediu ao juiz da comarca de Saquarema que os autos fossem remetidos para as autoridades portuguesas, para que o julgamento ocorresse em Portugal”.
“Este pedido foi recusado pelo juiz da comarca de Saquarema, que decidiu que o julgamento deveria ocorrer no Brasil, essencialmente por duas razões: em primeiro lugar porque toda a prova, de acusação e de defesa, fora produzida no Brasil, obedecendo a um rito processual que é diferente do rito processual penal português”, explicou João Costa Ribeiro Filho.
Em segundo lugar , porque o juiz da comarca de Sacarema considerou que o julgamento em Portugal “era limitativo das garantias de defesa, já que a esmagadora maioria das testemunhas da acusação residem no Brasil e a totalidade das testemunhas de defesa (oito) têm igualmente residência no Brasil, sendo praticamente impossível garantir a sua presença num julgamento em Portugal”.
O advogado realça que foi o juiz de Saquarema, perante o qual o processo decorreu durante cerca de seis anos, que se opôs ao pedido do MP brasileiro, e não Duarte Lima, embora a defesa do antigo deputado português tenha concordado com as razões invocadas por esse juiz.
Na mesma nota enviada à Lusa, João Costa Ribeiro Filho argumenta que a defesa de Duarte Lima fez durante a instrução “prova bastante da sua inocência, face à ignominiosa acusação” que lhe foi dirigida pela polícia civil do Rio de Janeiro e pelo MP desse mesmo Estado brasileiro.
“Não pode deixar de salientar neste momento que é o mesmo MP brasileiro que o acusou que se recusa a ver apreciada a prova que produziu com tanta fragilidade perante um tribunal de júri brasileiro”, conclui o advogado.
Os jornais I e Correio da Manhã avançaram hoje com a informação de que as autoridades brasileiras aprovaram a transferência do processo do Duarte Lima para Portugal, com vista à realização de julgamento, e que o processo de transferência até já estaria em curso.
Duarte Lima foi acusado pelo Ministério Público do Brasil do homicídio de Rosalina Ribeiro, a 07 de dezembro de 2009.
Rosalina Ribeiro, secretária e companheira de Lúcio Tomé Feteira, falecido em 2000, foi morta a tiro e o corpo foi encontrado numa estrada de terra batida em Maricá, nos arredores do Rio de Janeiro.
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