"Podemos ser de partidos diferentes, mas sou sempre por Portugal. Às vezes gostava que alguns dos meus críticos pensassem que talvez ter um português em posições de relevo, seja na Europa ou em grandes organizações financeiras internacionais, talvez não seja assim tão negativo, mas enfim, nem toda a gente concorda comigo", afirmou Durão Barroso, numa alusão a quem contesta a sua nomeação para presidente não-executivo da Goldman Sachs International.
O antigo presidente da Comissão Europeia falava aos jornalistas à margem do congresso internacional da INSOL Europe, que decorreu hoje num hotel do Estoril, em Cascais.
"Eu apoio o engenheiro Guterres para secretário-geral da ONU. Em todos os meus contactos salientei que ele é o melhor candidato e se os países do Conselho de Segurança forem pela escolha do melhor candidato, ele é o melhor entre todos os que se apresentaram ou dizem que se podem apresentar", sublinhou.
No entanto, apontou Durão Barroso, António Guterres pode não ser eleito por não cumprir alguns requisitos.
"Se forem por outros critérios, como o critério de ser mulher ou de ser de um país de Europa Central ou de Leste, então é evidente que ele não corresponde a esses critérios", sustentou o antigo presidente da Comissão Europeia.
A votação no Conselho de Segurança está a entrar na sua reta final mas, até ao momento, o antigo primeiro-ministro português e Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados tem estado à frente nas votações.
Na segunda-feira está prevista uma quinta votação no Conselho de Segurança.
Segundo a rotatividade assumida, seria a vez da Europa de Leste ter um secretário-geral, num momento em que se discute também a questão da igualdade de género.
No entanto, até ao momento, as mulheres na corrida não estão entre as mais votadas pelo que alguns dirigentes, como a chanceler alemã Angela Merkel, defende o nome da vice-presidente da Comissão Europeia Kristalina Georgieva que hoje se disse "encorajada" a avançar com uma candidatura a secretária-geral da ONU.
A possível adversária de António Guterres condicionou, contudo, a decisão quanto à sua candidatura ao apoio do governo búlgaro.
“Como búlgara, direi que é uma decisão a tomar pelo governo do meu país”, assinalou.
Uma outra búlgara, a diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova, está já na corrida à sucessão de Ban ki-Moon na liderança das Nações Unidas, mas o melhor que logrou foi um quinto lugar na última das quatro votações até agora realizadas pelos 15 membros do Conselho de Segurança, todas ganhas por António Guterres.
Guterres venceu as quatro primeiras votações para o cargo, que aconteceram a 21 de julho, 5 de agosto, 29 de agosto e 9 de setembro.
Assim que um candidato reunir nove votos entre os 15 países membros e aprovação de todos os membros permanentes - China, França, Reino Unido, Rússia e Estados Unidos - o conselho recomendará o seu nome para aprovação pela Assembleia-Geral da ONU, que reúne representantes de 193 países.
A organização espera ter encontrado durante o outono o sucessor de Ban Ki-moon, que termina o seu segundo mandato no final do ano.
Duas outras votações estão agendadas: uma semelhante às primeiras quatro, que acontece na segunda-feira, e uma na primeira semana de outubro, em que os votos dos membros permanentes do conselho, que têm poder de veto sobre os candidatos, serão destacados.
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