A convocatória para a Assembleia Constituinte foi feita a 1 de maio pelo Presidente, Nicolás Maduro, com o principal objetivo de alterar a Constituição em vigor, em particular nos aspetos relacionados com as garantias de defesa e segurança da nação.

No entanto, entre os objetivos está ainda estabelecer um clima de paz na Venezuela, onde pelo menos 113 pessoas faleceram desde 01 de abril, no âmbito de protestos contra o Governo. Mas a situação ainda pode piorar.

Ao início da madrugada deste domingo, a oposição chamou os venezuelanos a bloquearem hoje as ruas dos 23 estados da Venezuela, para reduzir a participação nas eleições para a Assembleia Constituinte e poder desmascarar o governo que falará em "milhões de votos".

"Um bloqueio nacional contra a ditadura ao longo do país. Devemos levantar-nos e demonstrar que não vamos deixar de lutar", disse o vice-presidente do parlamento venezuelano, Freddy Guevara, em conferência de imprensa que teve lugar na Praça de Los Palos Grandes, no leste Caracas, durante a qual explicou que a intenção é deslegitimar o processo, com baixa participação, e "desmascarar" o Governo que poderá dizer que houve milhões de votos.

"Independentemente da fraude, não vamos dobrar a coluna", frisou.

Por outro lado, Guevara denunciou que os funcionários públicos estão a ser pressionados para participarem nas eleições e pediu que não ocorram confrontos entre pessoas devido a diferenças políticas.

"Que não seja uma luta do povo contra o povo. O adversário é o Estado, não nós, não os venezuelanos. Independentemente de haver uns venezuelanos que, por ideologia, estão na disposição de votar, de estragar o futuro, não podem haver confrontos", frisou.

Freddy Guevara instou os venezuelanos a gravarem em vídeo e a fotografar os centros eleitorais para comprovar a participação no processo.

Quanto a Caracas, haverá uma concentração na autoestrada Francisco Fajardo (leste), a partir das 10:00 horas locais, que depois virará marcha até um destino que será anunciado amanhã.

"A partir de segunda-feira aumentará a pressão e virá uma etapa maior de mobilização até que o regime negoceie a sua saída ou as Forças Armadas deixem de respaldar o Governo [...]. A pressão tem que ser maior e melhor organizada", defendeu.

Segundo dados do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) foram admitidas 6.120 candidaturas que disputam 545 cargos a eleger, 8 deles em representação indígena. Do total das candidaturas, 3.546 são por representação territorial e 2.574 de âmbito setorial ou local.

As urnas estarão abertas a partir das 06:00 horas locais (11:00 horas em Lisboa) e 364 dos candidatos eleitos terão representação territorial (nacional) e 173, setorial ou local. O encerramento dos centros está previsto para as 18:00 horas locais (23:00 em Lisboa), se não houver eleitores em fila para votar.

Nestas eleições a oposição venezuelana decidiu não participar.