“É preciso perceber se o PS tem maturidade política para negociar e conversar com outros partidos, nomeadamente com o PAN, com o qual, insistentemente, diz que quer fechar as portas. Vamos lá ver se no dia 26 [de maio] não vai precisar dos partidos pequenos como já precisou anteriormente para conseguir ter autarquias [como foi o caso do Funchal, nas eleições autárquicas de 2013]”, afirmou Mónica Freitas, numa ação de campanha em Câmara de Lobos.
Neste 10.º dia de campanha para as eleições regionais de domingo, a caravana do Pessoas-Animais-Natureza (PAN) esteve na baía de Câmara de Lobos, onde a candidata ouviu jovens trabalhadores da restauração e recebeu preocupações quanto ao apoio a pessoas idosas e a animais, assim como a denúncia do uso de cães para mendicância por parte de pessoas em situação de sem-abrigo e com problemas de toxicodependência.
“Não precisa de proteger o peixe-espada-preto, eu preciso dele morto”, avisou uma funcionária de um dos restaurantes da zona, após ter partilhado com a comitiva do PAN o problema de saúde de um dos seus gatos, explicando que “as patinhas não se desenvolveram”.
Com um grupo de oito pessoas, com bandeiras brancas com o símbolo do partido estampado a verde, a caravana do PAN registou ainda queixas sobre a dificuldade de acesso à habitação por parte dos jovens.
Distribuindo folhetos de campanha com o título de “Força da natureza”, canetas feitas com material reciclado e sacos de pano, a cabeça de lista do PAN abordou também dois grupos de homens que jogavam às cartas, oferecendo-lhes um novo baralho com o símbolo do PAN: “Jogar com estas cartas dá mais sorte”.
Questionada sobre o apelo do cabeça de lista do PS, Paulo Cafôfo, ao voto útil, afirmando que “votar Chega, CDS, Iniciativa Liberal ou PAN é estar a votar no PSD”, Mónica Freitas considerou que “isso é simplesmente ser antidemocrático e estar a desrespeitar o trabalho de um conjunto de forças políticas que são completamente diferentes entre si”.
“Não se pode colocar o PAN no mesmo saco que os partidos de direita […] como é o caso do CDS e do Chega, muito menos quando o PAN defende tudo o que o Chega não defende e em nada somos parecidos”, sublinhou.
Em declarações à agência Lusa, a cabeça de lista do PAN, que é deputada única do seu partido e assinou um acordo de incidência parlamentar com os social-democratas, viabilizando o Governo Regional PSD/CDS-PP, destacou a capacidade de diálogo e negociação em prol da região.
“Mesmo com um partido como o PSD com o qual o PAN tem vários assuntos em que divergimos, mas conseguimos conversar, dialogar e negociar. Eu não sei se o PS tem essa maturidade política para o fazer com outros partidos e um partido que quer ser Governo Regional, e que quer a todo o custo chegar a poder de governação, é difícil quando depois fecha a porta à maioria dos partidos que neste momento têm representação parlamentar”, alertou.
Assegurando que o PAN não será um fator de instabilidade na Madeira, a cabeça de lista reiterou que não voltará a fazer um acordo de incidência parlamentar com o PSD: “Se voltar a ser o PSD o partido que a população legitime para ser governo, o PAN irá analisar um orçamento e um programa de governo, mas não voltará a fazer um acordo”.
Catorze candidaturas disputam os 47 lugares no parlamento regional: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.
Em 2023, a coligação PSD/CDS venceu sem maioria absoluta, com 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco o Chega quatro, enquanto CDU, IL, PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e BE obtiveram um mandato cada.
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