O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, desembarcou hoje na Arábia Saudita, na sua sexta missão ao Médio Oriente desde que começou a guerra, em outubro, com objetivo de obter uma trégua na Faixa de Gaza.

Segundo o Departamento de Estado norte-americano, está ainda prevista uma visita ao Egito na quinta-feira, sendo que o final da missão acontecerá em Israel na sexta-feira.

Assim, as vozes continuam a clamar por um cessar-fogo. Esta quarta-feira, a presidente da Comissão Europeia exigiu também, ao lado de António Guterres, um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza para libertar os reféns israelitas e permitir o acesso de ajuda humanitária à população palestiniana.

“Estamos extremamente preocupados com a guerra em Gaza e o desenrolar de uma situação humanitária catastrófica. Gaza está a enfrentar fome severa, isto é inaceitável, é essencial chegar a acordo sobre um cessar-fogo já, que liberte os reféns e permita mais acesso humanitário”, disse Ursula von der Leyen.

Em conferência de imprensa conjunta com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), a presidente do executivo comunitário assegurou que continua a haver um diálogo construtivo com Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA).

Guterres aproveitou a ocasião e criticou novamente a maneira como Telavive está a levar a cabo a intervenção militar no território palestiniano: “Nada justifica a punição coletiva da população palestiniana”.

“Mais de um milhão de pessoas estão a sofrer, a fome é catastrófica, de acordo com uma quantificação científica recentemente divulgada”, acrescentou. “É preciso agir agora, antes que seja demasiado tarde”, finalizou o antigo primeiro-ministro de Portugal.

Entretanto, também o Hamas voltou a tocar no assunto — e acusou o Governo israelita de responder "negativamente" ao plano de três fases apresentado para alcançar um cessar-fogo.

Osama Hamdan, um alto responsável da milícia palestiniana, disse que, apesar dos esforços do Hamas, Israel recuou e pode levar as conversações mediadas pelo Qatar a um “beco sem saída”, segundo o diário palestiniano Filastin, ligado ao grupo islamita.

“A resposta à proposta das três fases apresentada aos mediadores foi negativa e não responde às exigências do nosso povo. Estas incluem a cessação das hostilidades em Gaza e o regresso dos deslocados às suas casas, bem como a retirada do exército israelita da Faixa de Gaza”, afirmou.

Hamdan disse que o Hamas mostrou “flexibilidade”, enquanto Israel “continua a afastar-se das questões que já foram acordadas” e a “adiar” uma resposta positiva, o que pode significar o fim definitivo das negociações.

O porta-voz palestiniano responsabilizou o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, por “bloquear o acordo” e reafirmou que os Estados Unidos “têm de parar de enviar armas para Israel se querem realmente acabar com o genocídio em Gaza”.

* Com Lusa