"É hora de nos comprometermos politicamente com o crescimento das forças da paz", pede candidata da esquerda a Presidente do Parlamento Europeu

Como única opositora a Roberta Metsola, a espanhola Irene Montero, do Podemos, pediu hoje ao Parlamento Europeu para "defender uma Europa de paz, que esteja empenhada no fim do genocídio contra o povo palestiniano, uma Europa feminista, anti-racista, antifascista de direitos e de justiça social".
Irene Montero Lusa

Num discurso que teve tanto de apupos como de aplausos começou por afirmar que: "Um grande consenso de guerra está a ser imposto aos povos da Europa, tal como há 15 anos nos foi imposta uma grande coligação de austeridade, cujas consequências ainda não recuperámos".

Segue depois para exemplos: "Com a guerra o preço dos alimentos e da energia sobe, com a guerra a austeridade e os cortes voltam nos serviços públicos como a saúde, a educação ou as pensões e também nas políticas públicas que garantem a justiça social, o direito à habitação ou os direitos laborais. A prioridade para a Europa deve ser parar a destruição dos direitos sociais e apoiar as lutas laborais e sindicais que permitam aos trabalhadores ter mais direitos".

"A dinâmica bélica e o medo da extrema-direita são também a desculpa para questionar os direitos feministas e LGBTQIA+", sublinhou ainda. Citando Simone de Beauvoir, referiu ainda: “Nunca se esqueçam que uma crise política, económica ou religiosa será suficiente para que os direitos das mulheres sejam novamente questionados.”. "O feminismo é a força democrática mais poderosa dos nossos tempos, e é urgente avançar, porque as nossas vidas dependem dele, até que garantamos vidas livres de violência sexista ou garantamos o direito ao aborto legal, seguro e gratuito, façamos dos cuidados um direito e que os direitos das pessoas LGBTQIA+ e trans sejam garantidos e acabemos com a LGTBIfobia", acrescentou.

Com foco na política migratória, uma das bandeiras da Esquerda Europeia, sublinhou também: "Precisamos de uma Europa antirracista e acolhedora. A Europa não pode sustentar a sua política de migração na ideia de que as pessoas que migram são uma ameaça, nem na externalização das fronteiras e na violação dos Direitos Humanos das crianças e das pessoas que migram. Também não podemos definir a nossa política de imigração com base nas necessidades de mão-de-obra das nossas economias. Nenhum ser humano é ilegal e a nossa política de imigração deve responder a esse mandato. O que resta na Europa não são pessoas, mas sim fundos abutres e grandes corporações que transformam os direitos das classes populares num negócio".

Sobre a guerra destacou que "a paz é a tarefa política mais urgente para a Europa". "Acredito honestamente que mesmo aqueles que defendem mais veementemente o consenso da guerra sabem que a vitória da Ucrânia e da Europa contra o criminoso Putin é a paz. Estão a conduzir-nos a uma guerra em que o povo ucraniano perde, o povo da Europa perde e a oligarquia Putinista ganha, mas também o complexo militar-industrial americano, que está a ganhar dinheiro com o aumento dos gastos militares nos nossos países. Os povos da Europa não podem ser sujeitos dos interesses militares dos EUA. Os trabalhadores da Europa não podem pagar com os seus direitos as consequências da escalada da guerra", disse.

Terminou coma a afirmação: "É hora de nos comprometermos politicamente com o crescimento das forças da paz, do fim do genocídio, do direito à habitação, dos serviços públicos, dos direitos laborais, do feminismo, do anti-racismo, do anti-fascismo e da luta social". "O presente tem que servir para construir uma Europa de direitos e um mundo melhor e para isso pedimos que votem", apelou.

*O SAPO24 está acompanhar a eleição no Parlamento Europeu em Estrasburgo

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