Turritopsis dohrnii, também conhecida como medusa imortal, é uma espécie considerada biologicamente imortal, isto é, pode em determinadas fases do seu ciclo de vida voltar ao seu primeiro estado de vida e formar um novo pólipo. A descrição vem na Wikipedia e podia ser só uma das inúmeras curiosidades da vida no planeta Terra, mas vem ao caso por ter sido precisamente esta medusa imortal a dar título ao primeiro livro do biólogo dinamarquês Nicklas Brendborg.
A turritopsis dohrnii não regressa à forma primordial, reiniciando o processo de evolução da ‘infância’ para a vida adulta, sem mais, nem menos. Acontece quando a medusa é sujeita a algum tipo de stress ambiental, privação ou agressão. Volta então ao princípio da vida, podendo este processo repetir-se vezes sem conta.
Sim, é uma espécie de elixir da vida eterna, se descontarmos os acidentes de percurso que também podem acontecer à nossa medusa – como o de ser comida por outra espécie. Mas, a forma como se regenera conquistou a atenção de cientistas que estudam o envelhecimento, e que procuram respostas em específico para o envelhecimento humano, e tornou-se agora familiar do grande público com o livro de ciência de Nicklas Brendborg.
“A razão pela qual gostamos de destacar este animal em particular é que é tão surpreendente como os duzentos anos da baleia-da-Gronelândia ou os quatrocentos anos do tubarão da Gronelândia. Mas o truque desta medusa tornou-se o Santo Graal da investigação sobre o envelhecimento. Até agora falámos de retardar o processo de envelhecimento, mas o mais interessante é outra questão: ‘e se pudéssemos ter 45 anos quando, na verdade, temos 90’. Ou, se pudéssemos não só retardar o processo de envelhecimento, mas também revertê-lo? Portanto, basicamente nunca se poderia envelhecer, nunca. Permanecer jovem sempre foi o Santo Graal da investigação sobre o envelhecimento”, diz-nos o autor.
Não envelhecer não significa que vamos viver para sempre. O que as várias investigações na área procuram, atualmente, é como podemos viver mais tempo, em média. Ainda assim, e são boas notícias, a maioria das pessoas morre de envelhecimento – o que torna a investigação sobre como viver mais tempo e envelhecer melhor cada vez mais relevante.
Este livro é o primeiro de uma trilogia de livros científicos que Brendborg está a escrever. O segundo já saiu na Dinamarca, chegará a seu tempo a Portugal, e é sobre a epidemia da obesidade. Ambos temas em que a ciência vai ao encontro de preocupações dominantes na sociedade.
Mas regressamos às medusas e ao envelhecimento.
Cancro, demência, doenças cardiovasculares. Estes são os três grupos de doenças que lideram as causas de morte na maioria dos países ricos. É igual em Portugal ou na Dinamarca, por exemplo. O ponto de partida de Nicklas Brendborg foi, no entanto, outro que não a cura destas doenças.
“A questão é: se conseguíssemos realmente curar uma destas doenças, até poderíamos fazer com que todo o cancro desaparecesse amanhã, mas na verdade não faria tanta diferença na qualidade de vida como se pensa, porque ainda ficamos com um corpo velho e isso significa que ainda há um risco elevado de contrair demência ou doença cardiovascular ou todas as outras.Portanto, podemos continuar a fazer o que fazemos agora: encontrar a doença e curá-la, mas, se queremos realmente progredir, temos de lidar com a causa, a raiz das doenças, e essa causa é o envelhecimento. Para alguém da minha idade, não vou ter um ataque cardíaco, não vou ter demência, estou protegido contra a maioria dos tipos de cancro”.
Se fosse possível, de alguma forma, descobrir o que está errado com a nossa fisiologia quando envelhecemos, poderíamos alterar esse processo um pouco, para que seja menos rápido?
Começamos a entender melhor como é que o jovem Brendborg olha para o tema e olha exatamente na perspetiva de quem tem um corpo jovem, e sabe, como empiricamente todos sabemos, que essa condição nos dá, à partida, mais forças e mais defesas contra a doença. Que foi o ponto de partida na pergunta com que iniciou a pesquisa que dá origem ao livro. “Se fosse possível, de alguma forma, descobrir o que está errado com a nossa fisiologia quando envelhecemos, poderíamos alterar esse processo um pouco, para que seja menos rápido? E depois poderíamos diminuir o risco de todas estas diferentes doenças que nos rodeiam.”
O que mais o surpreendeu à medida que avançou na pesquisa foi, vamos chamar-lhe assim, a nossa resignação com o processo de envelhecimento.
“Aquilo em que mais tenho refletido é que se pensa muito ingenuamente sobre o envelhecimento e nunca o estudamos como uma questão científica; pensamos que é algo que simplesmente acontece ou simplesmente acontece da mesma forma. Talvez apenas olhe para o seu cão ou o seu gato e pense “envelhecem tal como eu, talvez seja um pouco mais rápido, mas é basicamente a mesma coisa com qualquer animal”. Mas quando olhamos para a natureza, e é também como começo este livro, temos animais que vivem centenas de anos, temos animais que vivem um único dia, animais como os humanos que envelhecem muito gradualmente ou animais que não envelhecem de todo, até envelhecerem de repente, de uma só vez. E temos animais que não envelhecem, como a lagosta e outros, como o título sugere, animais que envelhecem para trás, ao contrário, como se pudessem voltar atrás no processo biológico”.
O que se passa então com o envelhecimento e como podemos deixar de pensar no processo como uma fatalidade que é igual para todos?
“O envelhecimento é de natureza tão variável que não se trata apenas das coisas que conhecemos nos humanos, é muito mais. E é também muito inspirador porque significa que temos muitas e novas formas de avançar. Imagine, se uma baleia-da-Gronelândia pode viver duzentos anos, é um mamífero tal como os humanos e, apesar das diferenças, muitos dos aspetos básicos biológicos são completamente iguais. Assim, se esta baleia pode viver até aos duzentos anos, isto prova que não existe nenhuma lei natural que diga que um ser humano não o pode fazer. E o mesmo acontece com outros animais: é possível um animal envelhecer ao contrário, e é quase certo que é possível ter um animal que não envelhece. Então, a questão é como transferir essa capacidade dos animais para os humanos?”.
Com o envelhecimento “tratado” ou “adiado”, Joe Biden até poderia ser um jovem
Eis-nos chegado a uma pergunta que é impossível dissociar desta pesquisa sobre o envelhecimento. Estaremos preparados para uma sociedade em que potencialmente podemos viver todos 100 ou 200 anos? Depois de um mês a discutir o envelhecimento do presidente e candidato à presidência (até 21 de julho) dos Estados Unidos da América, podemos projetar uma realidade em que, aos 82 anos, com o envelhecimento “tratado” ou “adiado”, Joe Biden até poderia ser um jovem?
“Se quiser imaginar o que vai acontecer, pode ser mais parecido com o que aconteceu nestes últimos cem anos em que houve um aumento gradual da esperança de vida. Este aumento foi muito rápido num dado momento e agora abrandou em alguns países, como os EUA ou o Reino Unido, que, na verdade, começaram a cair um pouco. Penso que a longo prazo continuarão a crescer na esperança de vida, mas será de forma mais lenta. Mas se formos diretamente à razão pela qual as pessoas envelhecem e começarmos a combater o processo de envelhecimento, em vez de apenas o retardarmos, começaremos a aumentar novamente a esperança de vida.”
Aí teremos outras questões para enfrentar – questiono -, como por exemplo o excesso de população e as dificuldades do planeta em suportar todo esse esforço acrescido.
Nicklas Brendborg tem uma visão diferente e mais otimista.
“Na verdade, o fenómeno que está a descrever não é europeu ou americano. Antes era assim: os países ricos não tinham crianças suficientes para substituir a população. Se olharmos para o futuro, a não ser que Portugal recorra à imigração, a população irá diminuir. Mas isto é algo que acontece em todas as sociedades que atingiram um certo nível de riqueza e que, neste momento, está a acontecer em praticamente toda a América Latina, está a acontecer na maior parte da Ásia, está a acontecer na Índia. O país mais populoso do mundo, a China, também chegou a um ponto em que a população vai começar a cair. O único lugar no mundo que realmente ainda não se viu isto acontecer é a África subsariana e alguns lugares como o Afeganistão e o Paquistão. Mas, mesmo nestes locais, podemos ver a população infantil a diminuir, é apenas uma questão de tempo até que realmente atinjam o mesmo nível. Na verdade, não estou preocupado com isto, muito pelo contrário.”
Mudemos então a premissa. Se o mundo, no horizonte das próximas décadas, tende a “encolher” por via da menor natalidade, mas os humanos viverão mais tempo, as preocupações com a forma como se envelhece tornam-se uma espécie de imperativo global.
Se as pessoas mais velhas estão em melhor forma do que hoje, mais saudáveis, podem trabalhar mais tempo e não precisam de tantos cuidados médicos. Deixa de ser um problema, e é bom para o planeta porque teremos menos pessoas e mais saudáveis e felizes
“Por exemplo, veja-se alguém da minha idade. Os meus pais começariam a pensar em reformar-se e talvez todos os pais deles ainda estivessem vivos, então haveria um grupo de seis pessoas reformadas e apenas uma pessoa a trabalhar e apoiar todas essas pessoas – é quase impossível. Mas, se as pessoas mais velhas estão em melhor forma do que hoje, mais saudáveis, podem trabalhar mais tempo e não precisam de tantos cuidados médicos. Deixa de ser um problema, e é bom para o planeta porque teremos menos pessoas e mais saudáveis e felizes.”
É também por isso que considera esta área de investigação tão determinante “Precisamos de fazer algo, caso contrário, especialmente nas sociedades europeias onde temos muito apoio financeiro, o modelo não funciona se não tivermos idosos mais saudáveis no futuro.”
Um comprimido contra-envelhecimento?
São várias as pistas de investigação científica em matéria de envelhecimento e, ao nível comercial, multiplicam-se as ofertas de soluções de longevidade, seja pela via estética, a mais comum, seja pela via da alimentação e do estilo de vida.
Numa época em que um componente químico está a revolucionar o problema da obesidade – um processo que, por pura coincidência, também é liderado por uma empresa farmacêutica dinamarquesa, que produz o Ozempic [injeção para o controlo ou perda de peso] – é imaginável um comprimido contra-envelhecimento?
“É uma boa questão. Se olhar para a história dos medicamentos para perder peso, é muito semelhante aos medicamentos contra o envelhecimento. Desde há séculos que existe uma longa história de medicamentos para a perda de peso e sempre que experimentavam um deles havia um problema. Tornou-se quase uma espécie de piada: assim que se tentava algo para a perda de peso, tudo corria mal. E depois, de repente, algo simplesmente passou a funcionar. Não me surpreenderia que, daqui a uns dez anos, o problema da obesidade seja um problema do passado.”
Adoro o que esses milionários estão a fazer – gastam e perdem o seu dinheiro porque agora não há forma de prolongar a longevidade. Podem fazer muitas coisas muito, muito caras e muitas pessoas estão dispostas a dizer que funciona, mas a verdade é que não funciona
A corrida para tratar o envelhecimento tem sido também protagonizada por vários milionários, muitos oriundos do setor tecnológico, que investem milhões de euros em startups e laboratórios que se propõem encontrar a “cura” para a velhice.
“Adoro o que esses milionários estão a fazer – gastam e perdem o seu dinheiro porque agora não há forma de prolongar a longevidade. Podem fazer muitas coisas muito, muito caras e muitas pessoas estão dispostas a dizer que funciona, mas a verdade é que não funciona. Um deles, o Bryan Johnson, já tentou de tudo para não envelhecer ou envelhecer bem e toma muitos suplementos, mas também tem a dieta mais restrita que se pode imaginar para um ser humano, faz exercício todos os dias, dorme perfeitamente, tudo no seu sono é otimizado e toma os seus suplementos. A questão é: se retirar todos estes suplementos, em quanto é que isso contribui para a sua boa saúde e qual o peso de ele ter uma alimentação muito boa, fazer exercício e dormir muito bem. É claro que estas coisas não são gratuitas, mas são fáceis de fazer por pessoas normais. E se quiser obter os medicamentos, também não serão gratuitos, mas ainda se pode dizer que os preços dos medicamentos tendem a diminuir com o tempo, especialmente quando as patentes expiram”.
Brendborg diz não estar excessivamente preocupado com a desigualdade que pode resultar do poder económico no acesso às soluções que atualmente já existem. “Eu não ficaria preocupado, especialmente em países como Portugal e Dinamarca, se seriam apenas as pessoas mais ricas a ter acesso a essas drogas e se as pessoas pobres não. Mas podemos preocupar-nos à escala global, basta pensar no que aconteceu com as vacinas para covid-19s. Pode haver este tipo de situação, mas não estou preocupado com alguns multimilionários a poder viver para sempre e pessoas pobres que não podem pagar para isso. Se fosse esse o caso, teríamos de pegar nos archotes e marchar porque muitos medicamentos são caros por causa das patentes e não porque seja realmente caro produzir o composto em si. Se realmente houvesse uma situação política tensa, passaria a haver pessoas a criar e a distribuir fora das patentes.”
No seu livro, o biólogo menciona alguns compostos que estão a ser alvo de atenção específica – da mesma forma que o gene que permite à medusa imortal recomeçar o ciclo biológico está.
A metformina é um deles. “É um antidiabético, está aprovado há muitos anos, há milhões e milhões de pessoas que já tomaram para a diabetes. Houve um estudo escocês que disse que as pessoas com diabetes que tomaram metformina viveram mais tempo do que pessoas semelhantes, sem diabetes, que não tomaram o medicamento. Eu especulei sobre se isto era um sinal de que algo poderia atrasar o processo de envelhecimento, mas não estou muito confiante na metformina porque normalmente, quando se faz investigação sobre o envelhecimento, é difícil fazer uma experiência em humanos para ver quanto tempo vivem. A experiência começa com as moscas e vermes e depois passa-se para os ratos e, se não o fizeram com a metformina, foi porque não conseguiram prolongar a vida dos ratos.”
Outro componente é a rapamicina. “Foi aprovado há muito tempo para pessoas que fizeram transplantes de órgãos, ajuda a manter o sistema imunitário. Foi testado em animais de laboratório e funciona muito bem em ratos e também foi testado em cães com alguns sinais promissores, também atrasou o envelhecimento. Com este estudo, estou mais entusiasmado, acho que tem maior probabilidade de funcionar, com base nos dados dos ratos. Mais uma vez, levará alguns anos até que saibamos, mas muitas pessoas que fazem investigação sobre o envelhecimento já começaram a tomá-lo sozinhas. Há muitas pessoas que tomam – eu não sou uma delas ? – mas conheço algumas que o fazem”.
À margem da investigação científica dos possíveis “comprimidos” da longevidade ou anti-envelhecimento, há um conjunto de práticas comprovadamente eficazes. A dieta, o exercício e o sono são, como já vimos, a trilogia mais determinante, mas Nicklas Brendborg acrescenta alguns mais inusitados – como manter a boca limpa. Sim, lavar os dentes, mais vezes até do que aquilo que nos foi dito que seria necessário.
“Não é tanto sobre o envelhecimento, mas mais sobre o envelhecimento sem doenças. Vemos que as bactérias que vivem na nossa boca aparecem em locais estranhos, como por exemplo dentro do cérebro das pessoas com demência, dentro das células sanguíneas provocando um ataque cardíaco, sabemos também que pessoas que têm uma doença inflamatória da boca, chamada periodontite, têm um risco acrescido deste tipo de doenças. Isto só acontece por causa da forma como as bactérias funcionam: apanham o alimento e transformam-no em mais bactérias. Portanto, se restringirmos o fornecimento de alimentos, removendo os alimentos que ficam na boca depois de comer, podemos conter o seu crescimento”.
“No livro também falo de coisas como a sauna, há boas evidências de uma diminuição do risco de doenças cardiovasculares e também de demência, se usar a sauna. Falo sobre ser dador de sangue, temos visto os registos dinamarqueses de pessoas que doam sangue e tendem a ter menor risco de glicémia. E tanto para a sauna como para a condição sanguínea, vimos algo semelhante em experiências com ratos. É por isso que tenho a certeza de que pode haver aqui um fenómeno real.”
O bom e o mau stress
Acrescenta a esta lista, situações que apelida de “menos científicas”, mas não menos relevantes. “Vimos que um dos maiores riscos para uma morte precoce é a solidão, a solidão é um stress crónico. E falo no livro, como o stress pode ser bom, por vezes. Sair para correr pode ser tecnicamente stressante para o corpo, mas também o fortalece e é isso que o stress tem de bom: é um período breve, mas intenso que dá ao corpo um impulso e está, na verdade, a testar o sistema. O que é realmente mau para nós, humanos, é o stress crónico da solidão, por sermos um animal tão social, estar sozinho é o que nos pode causar o maior stress”.
No que respeita à dieta, a sua visão é de restrição com liberalidades. “Oitenta por cento do tempo vivemos realmente de um modo restritivo, mas vinte por cento do tempo, devemos abrir espaço para encontros sociais, para nos recompormos de um dia difícil, para fazer algo relaxante, embora possa não ser a coisa mais saudável a fazer. Porque, se nos tornarmos demasiado rígidos, também corremos o risco de que o stress do extremismo possa ser mais prejudicial do que o risco de beber um pouco de álcool ou de comer um doce, um pouco de chocolate, de vez em quando.”
Se estivéssemos a falar com alguém vindo da Idade Média, essa pessoa ficaria muito surpreendida porque, nessa altura, as pessoas morriam por volta dos trinta, quarenta anos. Se lhe disséssemos que agora, aqui em Portugal ou na Dinamarca, a esperança média de vida é de oitenta anos, as pessoas estão de facto a viver mais, talvez aquela pessoa vinda da Idade Média pensasse que não era possível ou que era um milagre. Iremos passar pela mesma experiência quando olharmos para a frente, talvez daqui a vinte anos, e se tornar normal ver pessoas a viver até aos cem anos?
O que veríamos, numa visita à Idade Média, é que também envelhecemos mais lentamente. Portanto, comparando-se com essas pessoas, em qualquer idade, parece ser mais nova do que elas. Penso que estaremos perante a mesma sensação, se nos colocarmos vinte anos à frente, alguém com cinquenta anos poderá parecer ter trinta e três ou algo do género
“Definitivamente. A faixa etária que mais cresce no mundo é a dos centenários. Em percentagem, são o grupo que mais cresce. O que acho importante reter sobre a Idade Média é que muitas pessoas, nesses tempos, morriam antes dos cinco anos. Havia, claro, pessoas com sessenta, setenta ou oitenta anos, mas o que certamente ia ver, se pudesse ir à Idade Média, é que as pessoas pareciam mais velhas.”
Um exercício que todos nós podemos hoje comprovar quando olhamos para fotografias de avós e bisavós.
“Quando vê fotografias de há cem anos, se olhar para a fotografia de um homem que acabou de sair do liceu, ele vai parecer-lhe um homem de trinta anos. O que veríamos numa visita à Idade Média, para além de vivermos mais tempo, é que também envelhecemos mais lentamente. Portanto, comparando-se com essas pessoas, em qualquer idade parece ser mais nova do que elas. Penso que estaremos perante a mesma sensação, se nos colocarmos vinte anos à frente, alguém com cinquenta anos poderá parecer ter trinta e três ou algo do género. Penso que, provavelmente, não sentiremos a mesma diferença que na Idade Média, mas veremos certamente uma diferença.”
A procura por uma vida mais longa, por prolongar o tempo de vida, levanta - e sempre levantou - questões éticas. A humanidade pode aceitar a sua finitude ou se tentará sempre negociar para viver mais tempo. Como cientista e investigador, o que pensa Brendborg sobre este assunto?
“Penso que é a velha questão humana: porque é que as pessoas querem a imortalidade? É sempre a questão que continua a surgir e acho que é uma coisa boa. Se o colocarmos de forma muito simples, basicamente, se é bom estar vivo então porque não estar vivo por mais algum tempo?”.
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