Em entrevista à RTP, Mário Centeno admitiu ter falado desse assunto com o primeiro-ministro, mas salientou que a escolha do sucessor de Carlos Costa “é uma competência do Governo”, lembrando apenas que é funcionário do Banco de Portugal (BdP).

Questionado se este seria um lugar apetecível para si, Mário Centeno, economista, respondeu: “É um cargo que é muito importante para o país e que não vai perder importância nos próximo anos, é um cargo que qualquer economista pode gostar de desempenhar”, afirmou, dizendo estar "apenas a fazer uma interpretação do cargo".

Sobre os diplomas aprovados na generalidade no parlamento e que, se vierem a ser lei, criarão um período de nojo entre funções governativas e na liderança do banco central, o ministro das Finanças disse desconhecer qualquer país que tenha “esse género de incompatibilidades escritas em normas”.

“Ser governante não é propriamente um cadastro”, reforçou, questionando, depois de ter sido ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo, que cargos poderia desempenhar seguindo esse tipo de critérios.

Mário Centeno salientou que, em Portugal, três governantes do PSD "assumiram cargos desta natureza após terem sido governantes" e aconselhou o país "a não se pôr mais restrições a si próprio".

“Já muitas vezes defendi na Assembleia da República que o critério de independência não era um critério estratosférico, ele existe para todas as instituições que devem servir a República, mas elas só são independentes se servirem a República com compromisso que não deve ser misturado com outros conceitos”, afirmou.

O parlamento aprovou na terça-feira, na generalidade, dois projetos de lei (PAN e PEV) com novas regras para a nomeação do governador do Banco de Portugal e da direção das entidades administrativas independentes, incluindo um intervalo de cinco anos para ex-governantes.

Estes dois projetos de lei descem agora à Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação para o debate na especialidade.

Questionado se a sua passagem do Governo o deixou com ambições políticas, Centeno respondeu negativamente, pelo menos no presente.

“Não tenho ambições políticas hoje nenhumas, ao longo de toda a minha visa sempre participei naquilo que era todo o meio envolvente em que encontrava, fosse na universidade ou no movimento associativo (…) Neste momento, não há nenhuma visibilidade que eu possa ter sobre essa dimensão”, respondeu.

À pergunta se se vê mais a continuar no setor público do que no privado, Centeno considerou que não existe uma dicotomia entre os dois, mas recordou que o seu percurso foi feito entre universidades públicas e o Banco de Portugal.

“Durante mais um mês serei presidente do Eurogrupo e depois voltarei ao Banco de Portugal”, disse, revelando que a primeira coisa que fará quando se libertar das funções europeias será tirar umas prometidas férias com a família “cá dentro”.