A Igreja Ortodoxa Russa anunciou que o Presidente Vladimir Putin doou por decreto uma das obras mais famosas da arte russa, ‘A Trindade’ de Andrei Rublev, o mais recente sinal da crescente influência do clero na Rússia.

O mais famoso ícone russo, amplamente considerado uma obra-prima da arte nacional, do século XV, esteve em exibição durante quase um século em museus russos.

“Em resposta a numerosos pedidos de crentes ortodoxos, o Presidente russo Vladimir Putin tomou a decisão de devolver à Igreja Ortodoxa Russa o ícone milagroso ‘A Trindade, pintado por São Andrei Rublev”, escreveu o Patriarcado de Moscovo, num comunicado citado pela agência France-Presse (AFP).

A obra será "exibida para veneração pública" na Catedral de Cristo Salvador em Moscovo antes de ser colocado na Catedral da Trindade de Sergiev Posad, o "Vaticano" ortodoxo russo perto da capital.

A Igreja Russa exigiu o seu retorno em várias ocasiões desde o desaparecimento da URSS.

Segundo os órgãos de comunicação social russos, ‘A Trindade’ saiu do museu apenas três vezes, inclusive em 2022, quando foi emprestada à Igreja para uma liturgia em Sergiev Posad, tendo de ser removida da galeria para restauração.

Além desta obra de arte, a Igreja receberá o túmulo de Alexander Nevsky, príncipe medieval e herói nacional russo, segundo um acordo assinado em 10 de maio com o Museu Hermitage de São Petersburgo e tornado público no domingo.

O maior museu da Rússia vai ceder o túmulo durante 49 anos, com possibilidade de extensão do acordo, revelou o Hermitage em comunicado, acrescentando que a mudança foi aprovada pelo Ministério da Cultura.

Segundo o Hermitage, as condições da sua exibição pela Igreja estarão sujeitas a controlos.

Estas medidas ilustram a crescente influência da poderosa Igreja Ortodoxa Russa no Estado, no contexto da ofensiva na Ucrânia lançada há mais de um ano.

O Patriarca Ortodoxo Russo Kirill apoiou a ofensiva russa nos seus sermões.

Vladimir Putin, por sua vez, saudou em abril o papel "consolidador" da Igreja para a sociedade e a juventude russas, num momento em que o país enfrenta "sérios desafios".