Em tempo de romarias há uma iniciativa que pretende marcar pela originalidade as festas de verão estimulando as populações a recriar o seu quotidiano e dar a conhecer o que de melhor se faz em cada território.
A iniciativa assenta a sua estratégia na teoria da mudança, um processo que está dinamizar as localidades através da interação dos seus habitantes, contrariando a tendência de promoção turística deslocada das suas gentes e ou da sua história.
"Esta é uma forma diferente de fazer a festa. Este conceito remete-nos para um tempo em que as festas eram feitas sem recursos a grande orquestra, conjuntos musicais ou nomes de panorama nacional da música. Há um pouco de ancestralidade neste tipo de iniciativa como a que assistimos aqui em Talhas", disse à Lusa o músico Paulo Meirinhos, que acompanha este evento.
Para o participante, aqui podem ver-se os produtos tradicionais, ouvir-se a música de antigamente, ao som dos instrumentos tradicionais.
"Estas festas atraem gente de fora e mostram novidades a quem vem de outros pontos do país, como é o caso, dando a conhecer uma realidade cultural que há muito se encontra no álbum das recordações ", vincou.
Quem não cabe em si de satisfeito é o presidente da Junta de Freguesia de Talhas, Inácio Roma, que relatou à Lusa que esse conceito é uma novidade e que "em boa hora chegou" à aldeia, para a população mostrar todo o seu potencial.
"Estamos agarrados de corpo e alma a esta iniciativa. Isto faz-nos sentir outras pessoas e sentir um movimento diferente daquele que é festa de verão da freguesia", indicou Inácio Roma.
O largo central da aldeia de Talhas está decorado com os seus elementos mais típicos, onde não faltam os carros de bois e outras alfaias agrícolas, próprias da lavoura do nordeste transmontano.
Pelas ruas, há 35 "barraquinhas" de venda de produtos regionais, mostras de gado e uma exposição de mais de uma centena de máquinas agrícolas e industriais registadas na freguesia, que desta forma pretende mostrar a sua vitalidade económica e social.
"Esta é uma oportunidade singular de mostrar o que é nossa terra e damos conta que há bastante gente que vem de fora que se junta à população residente", indicou o autarca.
"Um dos nossos objetivos principais é partilha ‘intra' e ‘inter' aldeias. Desta forma as pessoas podem partilhar costumes, saberes e sabores", enfatizou a representante da Associação de Turismo de Aldeia, Ana Almeida.
Esta festa pretende igualmente fazer o intercâmbio entre expositores originários das aldeias que integram o projeto "Há Festa na Aldeia" e que se espalham por todo norte do país, desde Santa Maria da Feira ao distrito do Porto e agora incluindo o distrito de Bragança.
Os territórios que integram o projeto cruzam-se no certame, onde é possível ver expositores de outras localidades a venderam os seus produtos em Talhas, o que poderá acontecer em sentido inverso em outras realizações de "forma a potenciar a economia local".
Por seu lado, Idalina Cunha, uma expositora de Valongo, no distrito do Porto, mostra-se "encantada" com a natureza do lugar e com a sua ruralidade.
"Gosto de mostrar os meus produtos, o meu saber, ao ponto de haver partilha, entre a comunidade. Para o próximo ano volto e de certeza que vou pernoitar na aldeia em casa de pessoas que vamos conhecendo, dada esta dinâmica de aldeia e amizades que fazem", frisou.
Já Maria de Lurdes, que veio de Santa Maria da Feira afiançou que se trata de uma boa experiencia para a divulgação dos produtos da sua terra.
"Há uma grande adesão das pessoas o que nos leva a produzir e vender mais", explicou.
A próxima paragem da iniciativa “Há Festa na Aldeia" será na aldeia de Rio de Onor, no concelho Bragança, nos dias 08 e 09 de setembro.
Há "Festa na Aldeia" é um projeto de desenvolvimento rural dinamizado pela Associação de Turismo de Aldeia, em parceria com as Associações de Desenvolvimento Local.
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