“Pretendemos ser empregador de referência em Portugal, formando quadros capazes de levar as suas competências a qualquer canto do mundo e acolhendo também aqui os melhores talentos internacionais”, afirmou a empresária angolana na cerimónia de inauguração da nova unidade industrial de mobilidade elétrica da Efacec, na Maia.

Segundo Isabel dos Santos – que desde há três anos controla 66% da Efacec através da sociedade Winterfell –, o negócio da mobilidade elétrica “assume agora uma importância especial na empresa e no país”, empregando atualmente 112 pessoas, mas devendo vir a responder por 190 colaboradores “até final deste ano e empregar até 400 pessoas em 2025”.

Descrevendo a Efacec como “uma empresa repleta de história e de tradição”, mas que “continua a estar à frente do seu tempo e a estar primeiro onde os outros não estão”, a empresária angolana apontou-a como exemplo do “espírito de descoberta [que] sempre fez parte do DNA português”.

“Para alguns, Portugal é conhecido pelo seu excelente turismo e agricultura, mas Portugal é muito mais, Portugal é um país de inovação e é hoje líder mundial num dos segmentos mais sofisticados e que ditará uma nova forma de encarar o consumo de energia: a produção de carregadores rápidos e ultrarrápidos para veículos elétricos”, sustentou.

Recordando que entrou em 2015 no capital da Efacec “com a visão de contribuir para um novo ciclo do seu crescimento”, Isabel dos Santos afirmou que “a rentabilidade da empresa foi conseguida a partir de uma gestão racional e orientada para resultados”, tendo-se invertido “o sentido dos resultados negativos para uma tendência positiva”.

Segundo sustentou, o lançamento da nova unidade industrial de mobilidade elétrica traduz o protagonismo da Efacec “na alteração do paradigma atual” e no “desenvolvimento de soluções de mobilidade seguras e limpas”, estando hoje os carregadores rápidos para veículos elétricos produzidos pela empresa “instalados nos quatro cantos do mundo e integrados nos mais relevantes projetos mundiais de ‘electric vehicles’”.

“A Efacec está no centro desta revolução da mobilidade elétrica, como mostram as parcerias que conseguimos desenvolver com marcas reputadas como a Porsche, a Audi, a BMW e outras”, destacou, antecipando que “em 2050 as estações de gasolina vão ser como os discos ou como as cassetes áudio - coisas do passado” - e “os carros não terão volantes nem depósitos de combustível”.

Também presente na cerimónia de inauguração da nova unidade industrial, o ministro da Economia, Caldeira Cabral, transmitiu uma “palavra especial de agradecimento aos acionistas e, em particular, a Isabel dos Santos”, por “acreditar” na Efacec “num momento em que muitos não acreditavam ainda na economia portuguesa”, ajudando com o seu investimento “a capitalizar” a empresa.

“Hoje estes investimentos multiplicam-se e Portugal está a atrair muito investimento estrangeiro, mas é também nos momentos difíceis, nos momentos de ajustamento como o que a economia portuguesa passou, que se vê quem acredita em Portugal e quem sabe reconhecer o valor intrínseco de uma empresa como a Efacec”, sustentou.

No seu discurso, Caldeira Cabral apontou a Efacec como “um bom exemplo do que é a indústria portuguesa”, que “hoje se distingue pela inovação e pela capacidade de engenharia”, e destacou como a empresa procurou “a liderança em áreas novas que estão a crescer e onde as empresas portuguesas encontram espaço para se afirmar”.

“A Efacec faz parte da solução para o problema de mobilidade mundial para o qual uma solução portuguesa está a ganhar espaço mundialmente”, disse, salientando que a nova fábrica é um “investimento que vai criar 400 postos de trabalho e contribuir para o aumento das exportações no setor industrial e de produtos de engenharia, de maquinaria, de produtos metálicos e de eletrónica”.

Um setor que, destacou, “está a crescer muito bem e teve, em 2017, um crescimento perto dos 15%, mostrando que em Portugal as exportações estão a crescer não apenas no turismo, mas também na indústria e, em particular, nas indústrias com uma forte componente de engenharia”.

A nova unidade industrial de mobilidade elétrica da Efacec vai permitir aumentar a capacidade anual de produção de carregadores rápidos para veículos elétricos, sendo o objetivo da empresa liderada por Ângelo Ramalho triplicar o peso deste segmento para os 100 milhões de euros em três anos.

Atualmente com cerca de 2.300 trabalhadores, a Efacec está, na área da mobilidade elétrica, presente em mais de 40 países dos cinco continentes e a nova fábrica “reforça a capacidade exportadora para mercados exigentes e sofisticados” como os EUA e a Europa.