“A minha posição de confronto com Emídio Gomes é conhecida porque eu considero que foi o pior presidente que passou pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) e que a deixou no seu pior momento em todos os âmbitos”, afirmou Xoan Mao, secretário-geral do organismo que agrega 38 municípios portugueses e galegos.
Em entrevista à Lusa, o responsável aconselhou mesmo o próximo presidente a mandar fazer “uma auditoria de todo o género e especialmente na parte ligada aos fundos” e que averigue a veracidade da “informação que circula” sobre “irregularidades” na sua atribuição.
Para além da auditoria, Xoan Mao espera que o próximo presidente “devolva à CCDR-N a dignidade que teve e o prestígio a nível europeu que tinha na época de Valente de Oliveira, Braga da Cruz, Carlos Lage ou Arlindo Cunha”.
“A CCDR-N era das instituições mais respeitadas a nível europeu. Hoje em dia não tem credibilidade”, criticou o secretário-geral do Eixo Atlântico que com a nova liderança espera ver posta em marcha “uma nova dinâmica da eurorregião” que engloba o Norte de Portugal e a Galiza
Para Xoan Mao, durante o mandato do ainda presidente da CCDR-N Emídio Gomes “desapareceu” o relacionamento entre a região do Norte e a Galiza, tendo sido “desvirtuadas” as reuniões da Comunidade de Trabalho.
Nos últimos três anos, desde que Emídio Gomes tomou posse, diz o responsável do Eixo Atlântico que “em termos de saúde não se avançou nada”, tal como ficaram a “zero” os temas da educação na eurorregião, das ligações ferroviárias do Minho e da necessária coordenação aeroportuária.
Ainda em críticas a Emídio Gomes, Xoan Mao defendeu que “o presidente da CCDR-N nunca deveria ter sido escolhido por concurso”. Concurso este que, disse, “deveria ter sido transparente e não foi”.
“Na minha ótica, (o concurso) foi uma farsa” e “serviu para designar quem queriam”, salientou o dirigente que admitiu não ter percebido “a demora em exonerá-lo”.
Emídio Gomes foi, no início do mês, exonerado do cargo pelo ministro do Planeamento e das Infraestruturas, depois da polémica em torno dos Planos Estratégicos de Desenvolvimento Urbano (PEDU) que alguns municípios recusaram assinar.
Para Xoan Mao, “o Governo português geriu muito mal este processo, fundamentalmente porque não reparou que estava a cair numa armadilha, montada por alguém muito esperto e com uma militância política e ambições políticas muito concretas”.
“Há um tipo esperto da CCDR-N e uns tipos novatos no governo [que] não perceberam o que estava a acontecer, até que se viram no meio da guerra criada. E agora resulta que quem criou as condições para a guerra sai como um herói”, sublinhou.
Contactada pela Lusa, a CCDR-N escusou-se a comentar as declarações de Xoan Mao.
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