“Foram dois anos de um sofrimento muito grande”, comentou à Lusa o ator e fundador do grupo, Xico Alves.

Há dois anos, o grupo perdeu o apoio que recebia da Direção-Geral das Artes (DGArtes) a cada quatro anos, no âmbito dos concursos do Programa de Apoio Sustentado, modalidade quadrienal (2023-2026), que representava cerca de 20% do seu orçamento.

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Essa circunstância obrigou o Jangada Teatro, que emprega atualmente dez pessoas, a encontrar alternativas, tendo então contado com o apoio de algumas autarquias do Tâmega e Sousa, sobretudo Lousada e Penafiel, mas também da Comunidade Intermunicipal.

“Todos deram as mãos e compraram espetáculos, porque perceberam que isto não podia acabar”, afirmou o ator, destacando que foi possível manter todos os postos de trabalho.

Já para a produtora Ana Luísa Fernandes, “esses protocolos ajudaram muito na altura em que o Jangada ficou sem financiamento”.

O grupo desdobrou-se então em atuações na região, sobretudo dirigidas às crianças, adquiridas pelas autarquias.

O próprio Folia - Festival Internacional de Artes do Espetáculo, promovido pelo grupo, cuja edição de 2025 arranca na sexta-feira, viu o seu programa reduzido ao mínimo, em 2024, por falta de liquidez.

Este ano, porém, o Jangada Teatro foi bem sucedido nos concursos bienais do Programa de Apoio Sustentado da DGArtes (2025-2026), o que já assegura o investimento no festival e o seu regresso aos moldes habituais, com cerca de 20 atividades artísticas, incluindo música e poesia, mas com destaque para o teatro.

Por aquela vila do distrito do Porto, de 28 de abril a 11 de maio, vão passar vários grupos portugueses e espanhóis, num programa que os promotores consideram um dos melhores de sempre.

Depois do recente pesadelo, o grupo atravessa atualmente um dos melhores momentos, porque, contaram à Lusa, não param de chegar os pedidos para atuação em vários pontos do país.

Xico Alves diz ser gratificante para o Jangada Teatro o reconhecimento que tem merecido, “graças à qualidade do trabalho realizado por todos”.

“Creio que já somos um grupo de referência a nível nacional”, anotou.

Em momento de bodas de prata da companhia, o fundador recorda como tudo começou há 25 anos, quando foi lançado um desafio à autarquia local para criar um projeto residente no concelho, na altura em que estava a ser concluída a construção do auditório municipal, onde o Jangada está sediado desde então.

“A câmara abraçou o projeto com entusiasmo e a partir daí foi sempre a andar, porque [o grupo de teatro] foi uma pedrada no charco em Lousada e na região”, exclamou.

Com uma dezena de profissionais residentes, quatro dos quais atores, além de duas atrizes que colaboram regularmente, o Jangada Teatro tem, em termos gerais, promovido quatro espetáculos por ano, dois dirigidos ao público adulto e os restantes para a infância, além dos dois festivais anuais: Folia e Foliazinho.

“Trabalhamos muito para as crianças. Para conseguirmos sobreviver, não podemos fazer só peças eruditas. Felizmente, os nossos espetáculos têm circulado pelo norte e centro do país, sobretudo a convite dos municípios”, rematou o ator.

Ana Luísa Fernandes, por seu turno, diz-se otimista em relação ao futuro, sobretudo acreditando que o grupo vai conseguir recuperar o apoio atribuído de quatro em quatro anos pela DGArtes, cujo concurso deverá ser lançado no próximo ano, para o período 2027-2030, e para o qual vai ser preparada a candidatura.