Segundo revela hoje à Lusa o presidente da federação, Tiago Manuel Rego, o documento tem por base não só as respostas de dirigentes associativos experientes a esse questionário formal, como também as conclusões definidas em vários encontros presenciais de auscultação em todas as estruturas distritais da FNAJ.

"As palavras ‘juventude' e ‘jovens' aparecem em média apenas 5,5 vezes nos programas dos principais partidos para as eleições legislativas deste ano e o número de deputados jovens na Assembleia da República diminui de legislatura em legislatura, sendo de 48 anos a média de idades dos parlamentares", realça.

Na última legislatura, em concreto, "só 14% dos deputados tinham idade até 35 anos", o que, para a federação, "denota a incapacidade dos agentes políticos em perceber e valorizar toda uma geração, as suas motivações, necessidades e objetivos".

O tema vai ser abordado no sábado à tarde no "Fórum Nacional Portugal para Jovens", que, reunindo em Guimarães cerca de 100 participantes, contará com porta-vozes de seis partidos políticos para apresentação dos respetivos programas para a juventude. Está já confirmada a presença de PS, PSD, CDS, PCP, BE e PAN.

O encontro permitirá confrontar as propostas desses partidos com as ambições expressas no "Manifesto Nacional - Um contributo do movimento associativo juvenil".

Tiago Manuel Rego diz que o que ressalta desse documento é que "os jovens estão preocupados com o seu futuro e o das próximas gerações, identificando como áreas prioritárias de governação o ambiente, a igualdade de oportunidades e a justiça intergeracional - o que evidencia a vontade de serem ouvidos e de intervirem ativamente na construção das soluções para o país".

No caso do ambiente, por exemplo, os inquiridos exigiram "decisões fortes e concertadas para preservar o planeta", como: medidas que permitam aos cidadãos a opção por uma via ecológica, estratégias contra o "e-waste" para dar resposta aos resíduos provenientes de equipamento eletrónico, penalizações para empresas que pratiquem obsolescência programada e benefícios fiscais de incentivo à mobilidade elétrica.

O manifesto da FNAJ também deixa claro que os jovens não se revêm nos partidos tradicionais porque "as políticas para a juventude continuam escassas e a conta-gotas" e o setor se tem revelado "incapaz de oxigenar a política com ideias frescas e causas de futuro".

A criação de um organismo estatal que defenda "os interesses das gerações futuras" é, aliás, "uma ideia bem recebida por 68% dos inquiridos, até porque a falta de representatividade dos menores de 18 anos nas decisões políticas é sentida por 43,4% dos questionados".

Para Tiago Manuel Rego, a solução passa não só pela integração de mais jovens na vida política, mas também pela implementação de "mecanismos eficazes e menos bafientos de auscultação, debate e execução de ideias".

Mais "transparência, seriedade e cooperação" são outras recomendações do manifesto, que defende que a "irreverência, rebeldia e capacidade de persecução de sonhos" são mais-valias dos jovens "na construção de sociedades mais abertas e inclusivas".

Nesse contexto específico, o inquérito da FNAJ apurou ainda que os seus 600 dirigentes associativos reclamam "uma maior conciliação entre vida privada e profissional" e "uma atenção especial aos jovens que correm o risco de serem marginalizados devido a questões como origem étnica, orientação sexual ou deficiência".